janeiro/fevereirode2014|
RevistadaESPM
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Outra ação crucial é abolir todos os armamentos e
gastosmilitares, colocar todos esses recursos a serviço
da promoção da justiça social e acordar que nenhuma
disputa entre pessoas, organizações e governos seja
decidida pela violência e que nenhuma autoridade seja
exercida pela força.
O terceiro itemda agenda desse novo Contrato Social
deve eliminar qualquer interferência do poder econô-
mico nos processos eleitorais. A partir disso, todos os
candidatos passama ter à disposição os mesmos recur-
sos financeiros para fazer suas campanhas.
Mais umponto importante desse acordo a ser firmado:
toda geração precisa se comprometer a deixar para a pró-
ximaumplanetacommaior coberturaflorestal, commais
recursosnaturais, commenores emissõesdegases causa-
dores de efeito estufa, comumburacomenor na camada
de ozônio, comumamaior superfície de terra cultivável,
comumamenor quantidade de emissão de produtos quí-
micos que envenenam o ar, a terra e a água do planeta,
coma eliminação de dejetos nucleares e como aumento
da quantidade de espécies de plantas e animais.
Por último, todos os organismos internacionais devem
objetivar como sua única missão perseguir o cumpri-
mento de todos os compromissos acima citados.
Para aqueles que possamconsiderar essas propostas
utópicas e irrealistas, que talvez não tenhama dimensão
da necessidade e urgência de mudança de rumo, de um
novoContratoSocial, vale a pena reler o comunicadoque
um grupo de 1,6 mil cientistas, incluindo mais de cem
ganhadores do PrêmioNobel, emitiramem1992, o
War-
ning to Humanity
(de lá para cá, os indicadores ambien-
tais e da desigualdade só pioraram):
“Nãomais deumaoupoucas décadasnos restamantes
que a oportunidade para prevenir os perigos que agora
nos ameaçamseja perdida, e com isso perspectivas para
a humanidade serão terrivelmente diminuídas [...]. Uma
nova ética se faznecessária—umanovaatitudepara cum-
prir nossa responsabilidade de cuidar de nós mesmos e
da Terra. Esta ética devemotivar umgrandemovimento
e convencer líderes, governos e pessoas relutantes em
efetuar mudanças”.
Oded Grajew
Empresário, coordenador geral da secretaria executiva da
Rede Nossa São Paulo e presidente emérito do Instituto Ethos.
É idealizador do Fórum Social Mundial e da Fundação Abrinq.
Também integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico
e Social (CDES)
”Nossos gastosmilitares somam
US$ 1,464 trilhão por ano (e crescem
a cada ano), equivalentes a 66% da
renda anual dos 50%mais pobres”
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