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Meteorologia

Revista da ESPM

|maio/junhode 2014

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O segundo conjunto vem do conhecimento insufi-

ciente do funcionamento, da adaptabilidade e da vul-

nerabilidade real dos diversos sistemas de produção do

Brasil, ante as variações climáticas. Numa única cadeia

produtiva como a da pecuária bovina ou do feijão, exis-

tem vários níveis tecnológicos e contextos agroecoló-

gicos que condicionam sua plasticidade, resistência ou

resiliência em relação às variações climáticas.

Enfim, os cenários sociais, culturais e econômicos

para difundir as inovações adaptativas nas agricultu-

ras tropicais também representamum enorme fator de

incerteza, mesmo quando soluções e alternativas tec-

nológicas existempara aumentar a sustentabilidade da

produção diante das variações climáticas. Esse conjunto

de incertezas define o risco assumido pelos agriculto-

res e pecuaristas brasileiros quando tomamdecisões de

investimentos e mudanças tecnológicas ante as varia-

ções do clima e do tempo.

Aagriculturasempre foi afetadapor duas componentes

climáticas principais: as perturbações ligadas às varia-

ções climáticas sazonais e interanuais, bem como as

tendências evolutivas a médio e longo prazos dos parâ-

metros climáticos.

Asmudanças futuras do climapara oBrasil são impos-

síveis de seremprevistas comprecisão. Agrande referên-

cia é o Painel Internacional sobreMudanças Climáticas

(IPCC). Os especialistasmodelizaramo comportamento

global do clima a partir de 21 modelos climáticos dife-

rentes, durante a elaboração do relatório de avaliação

do IPCC-AR4. Os resultados globais apontam as regiões

tropicais, o Brasil e boa parte da América do Sul como os

lugares do planeta que menos seriam afetados, em ter-

mos relativos, pelas mudanças climáticas, ao contrário

do que ocorrerá na Europa, América do Norte, norte da

Ásia, Ártico etc. (IPCC, 2007).

Mas, quandosebusca regionalizar essasprevisõespara

chuvas e temperaturas, a concordância dos 21 modelos

diminui rapidamente. Emescala de país, ela desaba para

ordemde 30% para mudanças previstas em escala local.

Ou seja, cerca de 70% dos modelos apresentam resulta-

dos diferentes e discordantes sobre o que ocorrerá coma

chuva e, emmenor grau, coma temperatura quando apli-

cados emescala regional/local.

Em termos de cenários regionalizados para a agricul-

tura brasileira, as previsões do IPCCsobre oque ocorrerá

no futuro como climanão são suficientemente operacio-

nais, nem precisas. Diante da dificuldade em prever-se

a evolução climática futura de uma determinada região

brasileira, uma boa estratégia é analisar o passado.

As tendências do clima

Ao estudar as tendências temporais do clima no Brasil

de forma espacializada, os trabalhos do InstitutoNacio-

nal de Meteorologia (Inmet) sobre séries temporais de

Oclimapreocupamais ohomem

do campodoque opreçode venda

de seus produtos, o custode produção

e até a incidênciade pragas