maio/junhode2014|
RevistadaESPM
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A
música fazparteda culturapopular há sécu-
los, mas só no fim do século 19 foi possível
ouvir determinada canção no momento
que uma pessoa quisesse e quantas vezes
desejasse por meio de formatos físicos que permitiam o
seu arquivamento e a sua reprodução. Em1887, o alemão
Emile Berliner inventou o gramofone, um equipamento
que reproduzia sons através de umdisco. Oaparelho, que
ficouconhecidocomovitrola, assimcomooprópriodisco,
eramartefatos caros para a época, dificultando a popula-
rização da novidade.
SomenteapósaSegundaGuerraMundialqueosequipa-
mentosdereproduçãoeodiscodevinilatingiramumvalor
acessível e se espalharam pelo mundo, desenvolvendo a
indústria fonográficaqueconhecemos: gravadorascontro-
landobasicamentetodasasetapasdacadeiaprodutiva,con-
tratando artistas emúsicos de apoio; gravando emixando
asmúsicas; promovendo bandas; controlando a produção
dosmeiosfísicosevendendoaosvarejistas,queporsuavez
eramopontodecontatocomosconsumidores.Essaprimeira
estruturaverticalizadademandavagrandesescalas, oque
acabou por gerar um oligopólio controlado basicamente
por quatrograndes empresas (Universal, Sony, EMI eWar-
ner), que por décadas controlarammais de 70% damúsica
comercializada ao redor domundo.
Em1979,comoadventodoCD(CompactDisc),agravação
damúsicapassouaserdigital,masforamnecessáriasquase
duas décadas para que amúsica digital pudesse se desven-
cilhardeumformatofísicoeassimsertransmitidaerepro-
duzidadeformadigitalemcomputadoreseentrecomputa-
dores coma ajuda da internet. O site de trocas de arquivos
musicais digitaisNapster foi amola propulsora que permi-
tiuoacessoacustoquasezeroaumainfinidadedemúsicas.
A digitalização da música também permitiu que
artistas pudessem absorver as funções das gravado-
ras ao produzirem e distribuírem os seus conteúdos
sem a necessidade de uma empresa especializada na
cadeia produtivamusical, assimcomo tambémse pode
vender música virtualmente, sema necessidade de um
varejista, rompendo definitivamente com o modelo da
cadeia produtiva musical existente até então, criando
valor para o artista e possivelmente para o consumidor.
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