maio/junhode2014|
RevistadaESPM
119
competitividade ante os concorrentes internacionais, e
não estamos falando somente emcomparaçãoàChina. A
verdadeéqueoBrasilnãoécompetitivocomparadoaqual-
quer país domundo que produza bens de valor agregado.
Épreciso reconhecer que o atual governo obteve resul-
tados expressivos noque diz respeito às políticas sociais,
tendo tiradomais de 20milhões de brasileiros do estado
demiséria e elevadomais de 30milhões à classemédia.
Essas políticas foramresponsáveis pelo aumentodo con-
sumo das famílias, pela geração de postos de trabalho e
fundamentais durante a crise econômica que se abateu
sobre o mundo emmeados de 2008, pois foi o consumo
interno das famílias que minimizou os efeitos da crise
aqui no Brasil.
Por outro lado, sabemos que é necessário fazer mais
pelo país. O Brasil precisa crescer de forma sustentada,
estruturar políticas claras que possam contribuir para
fazer do nosso país uma nação verdadeiramente desen-
volvida, emtodos os aspectos (cultural, social, educacio-
nal e econômico). Épreciso simplificar edesburocratizar,
criar condições para que o setor produtivo possa, de fato,
se desenvolver, termusculatura para ser competitivonos
mercados interno e externo.
Opróximopresidente terágrandesdesafiospela frente:
custo Brasil, que torna asmáquinas brasileiras cerca de
37%mais caras; taxas de juros, asmais altas domundo;
carga tributária, que representa cerca de 35% dos cus-
tos; taxa de câmbio, que ainda faz com que a indústria
fique menos competitiva nas exportações e, por outro
lado, abre omercado brasileiro aos produtos importados.
Comoumdosprimeirosatosdopróximogoverno, espe-
ramosa implementaçãodeumapolítica industrial efetiva,
queprivilegieoinvestimentoprodutivo,emvezdonãopro-
dutivo, damesma formaquefizeramospaíseshojedesen-
volvidos.Nãopodemoscontinuarrefénsdeummodeloque
vempromovendoadesindustrializaçãoedesnacionaliza-
ção do Brasil. Não podemos continuar a aceitar o fato de
termosumadasmais altas taxasde jurosdomundo, oque
privilegiaocapital especulativoepenalizao investimento.
Nocasodosetor demáquinas eequipamentos, odeficit
acumuladodabalança,de2004a2013,jáésuperioraUS$50
bilhões. As exportaçõesvêmcaindode formavertiginosa,
enquanto as importações crescem assustadoramente. E
não é somente no setor demáquinas e equipamentos que
o fenômenoocorre. Infelizmente, oprocessodedesindus-
trialização ronda toda a indústria de transformação.
Nós, da Abimaq, temos feito a nossa parte, apresen-
tando propostas aos potenciais candidatos e vamos con-
tinuar atuando e cobrando para que a indústria nacional
volte a ser competitiva. Temos grandes oportunidades
pela frente e estamos convictos de que ainda dá tempo.
Acreditamos ser possível fazer do Brasil um país justo e
desenvolvido, comuma indústria forte, queproduzabens
de alto valor agregado, que desenvolve tecnologia e que
gera empregos que exigemmãode obraqualificada e que,
portanto, pagammelhores salários.
Mais uma vez, temos a grande oportunidade de dei-
xarmos de ser o país das oportunidades perdidas para
assumir opostodenaçãoverdadeiramentedesenvolvida.
Luiz Aubert Neto
Presidente da Associação Brasileira da Indústria
de Máquinas e Equipamentos (Abimaq)
Épreciso simplificar e desburocratizar,
criar condições paraque o Brasil tenha
musculaturapara ser competitivonos
mercados interno e externo
Criada em1973, a Embrapa é uma das principais
responsáveis por transformar oBrasil em liderança
mundial na agricultura tropical