Meteorologia
Revista da ESPM
|maio/junhode 2014
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agricultura brasileira do que investir emtentar prever um
determinado futuro.
Os governos e o setor privado estão engajados emduas
estratégias diante das incertezas climáticas presentes e
futuras:mitigaçãoeadaptação.
Aestratégiademitigaçãobusca ampliar ousode tecno-
logias capazes de reduzir as emissões de gases de efeito
estufa, alémde promover o usomais eficiente dos recur-
sos naturais (plantio direto, redução do desmatamento
etc.). Essa pauta é fortemente recomendada para as agri-
culturas emergentes por parte dos países desenvolvidos.
Ora, em termos demitigação, se umesforço planetário é
relevante,mais significativa ainda seria uma reduçãopor
parte dos grandes países emissores.
SegundodadosdoInternationalEnergyIndependentSta-
tistics
&
Analysis (EIA), dosEstadosUnidos, oBrasil éo12º
emissor deCO
2
e contribui com1,4%das emissões globais.
SomenteaChinaeosEstadosUnidos,juntos,representaram
41,1% das emissões planetárias em2011. Quando as emis-
sões sãoponderadas por área, oBrasil ocupa a 91ª posição,
com55,9 toneladas deCO
2
por quilômetro quadrado, ante,
porexemplo,as7.128toneladas/quilômetroquadradoemiti-
daspelaHolanda, queocupaaprimeiraposiçãonoranking
mundial. Em termos de emissões de CO
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por habitante, o
Brasil ocupa a 79ª posição, com 2,41 toneladas
per capita
,
emrelação, por exemplo, às 7,9 toneladas/
per capita
emiti-
das pela Inglaterra, que está em33º lugar no rankingmun-
dial. JáosEstadosUnidos aparecemem5º lugar, com17,62
toneladas/
per capita
. Por unidade de PIB, o índice doBrasil
éde0,24, oqueocolocana90ª posição.
AeconomiadoBrasiltembaixasemissõesdeCO
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graças
ao perfil damatriz energética. No Brasil, 47,3% damatriz
provêmde energia renovável ante umamédiamundial de
18,6%edeapenas7,2%nospaíses-membrosdaOrganização
paraaCooperaçãoeDesenvolvimentoEconômico (OCDE).
Grande parte desse resultado deve-se à sustentabilidade,
à diversidade e à produtividade da agricultura brasileira.
Elaproduz combustíveis sólidos (lenha e carvão), líquidos
(etanol e biodiesel), gasosos (biogás) e energéticos (bioe-
letricidade com resíduos agrícolas).
Aagriculturagarante31%damatrizenergéticabrasileira
(68,3 M de TEP) e consome apenas 4,5% na matriz (9,1 M
de TEP emcombustíveis fósseis). Somente a cana-de-açú-
car, como etanol e a bioeletricidade gerada como bagaço,
garantemaisenergianamatrizdoBrasil (18%) doque todas
as hidrelétricas juntas (13%). Eouso crescente de técnicas
e tecnologias como o plantio direto na palha, a integração
lavoura-pecuária-florestas (ILPF) e os organismos geneti-
camentemodificados reduzemaemissãodeCO
2
pelaagri-
cultura e ampliama captura de carbononos solos.
Asagriculturastropicaisestãorazoavelmenteadaptadas
a variações climáticas. É o caso do Brasil. Contudo, esse
grau de adaptação varia entre cultivos anuais, plurianu-
ais ou perenes, por exemplo, e depende dos sistemas téc-
nicos de produção e da capacidade de investimento e uso
de tecnologias sustentáveis pelos produtores.
NoBrasil, 47,3%damatriz provêmde
energia renovável emrelação auma
médiamundial de 18,6%e de apenas
7,2%nos países-membros daOCDE