maio/junhode2014|
RevistadaESPM
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mais de 50 anos revelam padrões espaciais complexos
e detalhados nas tendências de variação das tempera-
turas e das precipitações.
As tendências de mudança anual nas precipitações
totais acumuladas entre 1961 e 2008 mostrampadrões
opostos no interior de ummesmo estado, como no caso
de RioGrande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Paraíba.
Isso ocorre tambémna região amazônica: padrões opos-
tos existementre setores ocidentais, orientais e centrais.
Omesmo fenômeno, seguindo outros padrões espaciais,
é observado nas temperaturas.
Da combinação das tendências demudança das preci-
pitações e das temperaturas resultampadrões espaciais
ainda mais complexos. Num mesmo estado ou região
pode haver quatro, seis e até oito padrões diferentes de
evolução temporal do clima. Essa diversidade espacial
recoloca a dificuldade de se proporem adaptações para
a agricultura tropical de forma precisa ou simplista ante
as possíveis variações territoriais do clima. Quantomais
fazer previsões globais sobre o que ocorrerá como clima
na Amazônia ou na área das caatingas, por exemplo.
Não há base científica em previsões generalistas sobre
os biomas ou regiões brasileiras.
Aobservação de séries de temperaturas e chuvas com
mais de 50 e até 100 anos indica uma amplitude da varia-
bilidade interanualmaior doque a apontadaparao futuro
pelosmodelosdemudanças climáticas globais. Aagricul-
turaeavegetaçãotropicalenfrentam,deumanoparaoutro,
enormes variações de temperaturas e chuvas,mesmoem
regiões tidas comomais estáveis, como aAmazônia. Em
adição, podemocorrer “veranicos”, bastante prejudiciais
à agricultura de sequeiro.
Assim, a agricultura tropical é afetada por duas com-
ponentes climáticas: as variações sazonais e interanuais
e as tendências evolutivas no médio e longo prazos dos
parâmetros climáticos.
As séries climáticaspassadasoferecemoutros comple-
mentos interessantes sobre tendências observáveis nas
diversas regiões do Brasil. A observação de séries passa-
das de temperaturas e chuvas de até 100 anos indica uma
variabilidade interanual maior do que a apontada para o
futuro, emtermosmédios planetários, pelosmodelos de
mudanças climáticas globais.
Alémdas variabilidades climáticas interanuais e seus
complexospadrõesespaciais,nasregiõestropicais,aampli-
tude térmica diurna é sempre maior do que a anual. Em
escala diurna (não confundir coma diária), as temperatu-
raspodemvariar emmaisde10e15graus.
Por essas razões, estudos quantificados e probabilís-
ticos, em diferentes escalas de tempo e espaço, sobre a
relação entre variabilidade climática de curto prazo
ver-
sus
longo prazo estão sendo realizados pelos pesquisado-
resna zona intertropical enão são tãoprioritários empaí-
ses temperados. Émais relevanteprever trajetóriasparaa
latinstock
Os governos e o setor privado estão
engajados emduas estratégias ante
as incertezas climáticas presentes e
futuras:mitigaçãoe adaptação
Juntos, China e EstadosUnidos representaram
41,1% das emissões planetárias em2011,
enquanto oBrasil foi classificado como o
12º emissor de CO
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domundo