Em Brasília parece que não se respira absolutamente
nada sobre agronegócio. Entre dezenas de ministérios e
órgãos, apesar da produção agropecuária termais do que
duplicadonosúltimosdezanos, aexpansãoda infraestru-
turae logísticaestevepraticamenterepresada.Asdeficiên-
ciascrônicasemtransporteearmazenagem, porexemplo,
retirama competitividade e encarecemas atividades do
setor. Tambémfalta proatividadeno fechamentode acor-
dos e alianças comerciais estratégicas de alcance global.
Commarcos regulatórios defasados para acompanhar o
progresso tecnológicoecientíficoqueaconteceemoutras
partes domundo, corre-se o risco de cair no isolamento.
Ignacy Sachs, cientista internacional que conhece
profundamente o Brasil, comentou na revista
Estudos
Avançados
, da USP, que “o país possui a maior biodiver-
sidade domundo, uma reserva confortável de solos agrí-
colas (mesmo que não se toque emuma só árvore da flo-
resta amazônica), climas amenos, vantagens naturais
do trópico na produção de biomassa etc. Ao juntar todas
essas coisas, pode-se partir para a construção de uma
nova civilização do trópico, baseada no trinômio biodi-
versidade, biomassas e biotecnologias”.
Osucessodoagronegócionorte-americanooudoeuro-
peu nos séculos passados, já é o do Brasil neste século e
assimserános séculos vindouros. Esteéograndediferen-
cial que o século 21 reserva ao Brasil: ser a flor da geopo-
lítica de alimentos e de energia. Tudo por conta do poten-
cial de oferta, dos extraordinários e positivos impactos
na cadeia produtiva, do estímulo às indústrias e agricul-
turas, dos resultados dabalança comercial, dadescentra-
lizaçãodasofertas edos investimentosno interior dopaís
e do processo contínuo de inovações tecnológicas, que
gera competitividade de forma crescente e sustentável.
As oportunidades aoBrasil no campoda agroindústria
de alimentos sãomotivos de convocação das entidades
globais. No campo da energia renovável somos liderança
apreciada. Afinal, na lei norte-americana de energia, o
etanol brasileiro da cana-de-açúcar é considerado avan-
çado e apto para importação. Trata-se de um dos mais
importantes convites que o Brasil já recebeu.
A nova fase domundo, no século 21, mostrará as con-
quistas da ciência, emparticular da biologia e da biotec-
nologia. Dessa forma, écadavezmaisdifícil,mesmopara
aqueles com a visão das cercanias das cidades, escon-
der o sucesso e o futuro do agronegócio brasileiro como
um eixo dinâmico, competitivo e gerador de empregos
e renda para umpaís de dimensões continentais.
Desconhecimento e valorização
Um dos resultados revelados pela pesquisa ”A percep-
ção da população dos grandes centros urbanos sobre o
agronegócio brasileiro” e que confirma o forte vínculoda
populaçãourbanacomocampoéodadoquecolocaoagri-
cultor entreas cincoprofissões consideradas vitaisparaa
vidadosmoradoresdos grandes centros. Olevantamento
verificou que nada menos que 83,8% dos entrevistados
Oagronegócio exibe contrastes: é
valorizadopelapopulaçãourbana,mas
distante e desconhecidodos brasileiros
que vivemnos grandes centros
Como os alimentos e as energias da biomassa podemser
destaques globais doBrasil semque o agronegócio tenha
políticas públicas para produzir de forma sustentável?
Infraestrutura
Revista da ESPM
|maio/junhode 2014
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