Revista da ESPM
|maio/junhode 2014
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estratégia
—uma regiãooriginalmentede terrenospobres—emáreas
férteis, pormeio da tecnologia emsementes (biotecnolo-
gia), irrigação, adubação e manejo. Daí, em seguida, vie-
ram mais inovações, como o plantio direto, o controle
biológico de pragas e ervas daninhas, a rotação de cultu-
ras, duas/três safras anuais, a integração lavoura-pecu-
ária-floresta, o avanço da mecanização, a agricultura de
precisão, e assimpor diante.
Dessa maneira, o Brasil tem a vantagem de ter cons-
truído diversos “agronegócios” dentro de um mesmo
país. Nós temos o modelo norte-americano — da produ-
ção em larga escala tecnificada de commodities —, bem
como o formato europeu, que é pautado por fazendas
menores, especializadas em nichos de mercado e pro-
dutos de maior valor agregado.
OParaná, por exemplo, se encaixano segundomodelo.
Formado por diversas correntes imigratórias, espe-
cialmente de raízes europeia e nipônica, sua história é
marcadamais por umvolume expressivo de pequenos e
médios produtores.
Oestado teve seumomento áureo como café, e depois
evoluiupara aproduçãode grãos, cana-de-açúcar, suínos,
aves, numprocessoque foi ganhandocorpoàmedidaque
o setor rural local foi se adaptandoanovas oportunidades
de negócios. Hoje, oprodutor, especialmente o agricultor
paranaense, estácom100%deáreaocupada, trabalhando,
emsuamaioria, dentrodeumsistema cooperativista, em
uma dinâmica socioeconômica positiva para o estado.
JáaocupaçãoagrícolanoMatoGrosso foi pautadaespe-
cialmentepor umamigraçãodeprodutores doSul dopaís
para lá. Como a natureza do estado é de largas extensões
de terras — característica do Centro-Oeste —, bem como
sua infraestruturade serviços eramenornaépocadaspri-
meiras ocupações, a região consolidou-se como sendode
grandes fazendas viabilizadas pelasmãos desses pionei-
ros. Por lá, não havia uma massa de agricultores locais,
diferentemente da região Sul.
Além disso, a abertura de áreas e a necessidade de
fertilização do solo exigiam vultosos recursos, dispo-
níveis apenas por parte dos grandes proprietários, que,
para obterem retorno, precisavam investir em fazendas
tambémde grande porte.
Soma-se a isso o fato de que, com o incremento da
demanda mundial por commodities, o Centro-Oeste se
tornou umdos lugaresmais aptos emtodo omundo para
essemodelo de produção.
Emseguida, a região passou por transformações, com
a chegada também de agroindústrias transformadoras
(proteína, biocombustíveis), que criaramuma espiral de
desenvolvimento regional focado na formação de clus-
ters, de arranjos produtivos locais.
Agora, a região conhecida por Mapitoba (Maranhão,
Piauí,TocantinseOestedaBahia)trilharoteirosemelhante.
E o agronegócio pode e deve fazer mais
Todo esse amplo e rico mosaico produtivo é a grande
mola propulsora do setor. Com uma safra de grãos pre-
vista acima de 190milhões de toneladas, pegando como
Omaior símbolode inovaçãodo
agronegócio é a transformaçãodo
cerrado emárea fértil, pormeioda
tecnologia emsementes
Asoja foi omotor econômico das novas
fronteiras agrícolas, promovendouma
expressivamelhoria socioeconômica em
regiões combaixos níveis de renda