maio/junhode2014|
RevistadaESPM
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exemplo somente essa parte do segmento, o agronegó-
cio passou a responder por aproximadamente 60% das
exportações brasileiras — em torno de US$ 100 bilhões
nos últimos 12meses —, e comoumtodo representa entre
20% e 25% do PIB do país.
O setor é um dos que mais conseguiram avançar e
se integrar ao moderno mundo globalizado do século
21, garantindo o abastecimento interno e gerando
excedentes exportáveis.
Isso semcontar, claro, que, dada a enorme geração de
riqueza, emprego e renda no interior do país, não custa
reiterar que o agronegócio demanda serviços e produtos
demaneira pulverizada e cria umefeito sistêmico emul-
tiplicador emtodososdemais segmentosdenossaecono-
mia. Hoje, por razões diferentes do passado, a atividade
tornou-se o pilar do desenvolvimento nacional.
Ecomonãopoderiadeixar de ser, esse resultadoeconô-
micoque o setor temproporcionado aopaís —comefeitos
sociais positivos — o catapultou ao centro das atenções
do debate político que antecede as eleições de outubro.
Vivemos ummomento singular na história do Brasil,
bemdiferente do início do século 20. Hoje, o agronegócio
está espalhado pelo nosso território e é protagonista no
desenvolvimento da economia brasileira.
O setor abriga milhões de produtores e trabalhadores
ruraisemcadeiasprodutivas, que integramumamultidão
de fornecedores da indústria e de serviços — não se res-
tringindo apenas a uma elite — sendo o motor que movi-
menta centenas de economias regionais conectadas aos
mercados internacionais.
Produzindovolumeediversidade—impulsionadopelaapli-
caçãodiretadeciência,pesquisa,tecnologiae,claro,clima,
recursosnaturaisevocação—,osetorobtevereconhecimento
inédito, oque lhe traznovasoportunidadesedesafios.
Toda conquista vem acompanhada de benefícios e
obrigações, e é neste último quesito que reside o maior
desafio do agronegócio de agora em diante. Um chama-
mento. Se o setor é o mais bem-sucedido do país e a per-
cepçãoda sociedade emrelaçãoa issoavançou, estámais
doquena hora de o agronegócio acentuar a sua participa-
çãonas discussões dosmais relevantes temas da agenda
pública nacional.
É mais do que evidente que infraestrutura logística,
seguro rural, Código Florestal, defesa agropecuária,
entre tantos outros itens de interesse direto para a pro-
dução de alimentos, são assuntos-chave e prioritários.
As mazelas que acometem essas questões influenciam
a competitividade do setor.
Alémdesses temas, a pauta do agronegócio tambémé
tomada por indefinições de travas regulatórias acerca de
segurança jurídica, legislação trabalhista, negociações
internacionais,reformatributária,meioambienteetc.Isso
semcontar as abordagens sobre apolítica econômica, em
especial câmbio e juros. Mas será que é só isso? Será que
o setor não pode (e deve) se aprofundar emoutros temas
cruciais — verdadeiros pilares — para o nosso futuro?
Segurança pública, saúde, educação, combate à cor-
rupção, mobilidade urbana e equidade social. O agro-
negócio precisa se posicionar de modo mais agudo no
debate dessas questões. Os mesmos problemas — se
não piores — que atingemas cidades tambématingemo
campo. O agronegócio pode e deve contribuir como um
importante agente transformador.
Epor quê? Se a corrupção fossemenor, o gargalo logís-
tico seria atenuado. Seo saneamentobásiconão fosse tão
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