Revista da ESPM
|maio/junhode 2014
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estratégia
crescimento. No casodo seguro, falta conhecimentopara
queseja implantadoumsistemaeficientee inteligenteque
possibilite a efetiva administração do risco da atividade.
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No registrodeagroquímicos falta celeridadenaquestão,
o que não quer dizer ausência de rigor. Há uma burocra-
cia ideológica sobre o tema, partindo-se do pressuposto
de que não existe agricultura tropical sem fertilizantes e
defensivos agrícolas.
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A infraestrutura logística é insuficiente e cara. Contudo,
melhorias foramplanejadas e agora nos cabe executar os
projetos eprover segurançaparaatrair a iniciativaprivada
demaneira definitiva.
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No caso da defesa sanitária, ainda não entendemos que
devemosvender aquiloqueomercadoquer comprar, enão
vender o que produzimos. Portanto, temos de observar as
demandas do consumidor. O Brasil ainda patina nessa
questão, oque decorre da insuficiênciade recursos gover-
namentais edeumplanoefetivodoEstadoparaoassunto.
Após discorrermos sobre o que o agronegócio gera para
a sociedade e os desafios que o setor precisa enfrentar para
mantersuacompetitividade,ograndequestionamentoque
surgeé:comotratarosetordaeconomiabrasileira—queapre-
sentaasmaioresvantagenscompetitivas—demaneirainte-
grada,seosegmentoestápulverizadoemváriosministérios?
Odesenvolvimento e o sucesso do agronegócio devem
estar na agenda do Executivo como item de segurança
nacional, numa perspectiva de prioridade doEstado para
o presente e o futuro da nação.
A falta desse entendimento fará com que as políticas
públicas para o agronegócio sejammedíocres, segmenta-
das e semadevida visãoholística e estratégicade geração
de riqueza e posicionamento geopolítico.
É precisomodernizar e adequar a estrutura governa-
mental, na qual o agronegócio está subordinado, para
posicionarmos o Brasil como o país que tomará para
si a responsabilidade de ser o “Guardião da Segurança
Alimentar Mundial”.
Estamos aqui perante o desafio de evoluir da fase
quantitativa para a etapa qualitativa da produção rural.
Trata-se de um esforço de toda a sociedade, e os ganhos
fortalecerão a economia como umtodo, bemcomo a con-
vivência democrática.
Dentro do conceito de vanguarda de agrossociedade,
o setor está contribuindo emduas grandes frentes para a
paz: nomundo, pois o combate à fome é precondiçãopara
a convivência pacífica entre e dentro dos povos; e no Bra-
sil, pormeio da redução de pressão sobre as cidades onde
a desigualdade tende a aumentar, enquanto o campo tem
perspectivas de uma convivênciamaterial e social mais
pacífica do que os centros urbanos.
Porfim, acentuoque, paraser realmenteumpaísdesen-
volvido, o Brasil vai precisar produzir tanto produtos
agrícolas (commodities e de valor agregado), quanto ter
uma indústria forte nos nichos onde isso for possível e
um setor de serviços focado em inovação.
Num primeiro momento, a retomada do crescimento
exige estabilidade econômica, planejamentoe excelência
emexecução. A correção de rota não passa pela negação,
e sim pela afirmação de nossas instituições. O que está
erradoéa conduçãodelas, queprecisa ser revistaemfavor
de umprojeto claro de nação para o Brasil.
Gustavo Diniz Junqueira
Presidente da Sociedade Rural Brasileira
Com100% de área ocupada, o agricultor paranaense
conta como sistema cooperativista para alavancar
os negócios. AAgrária, por exemplo, encerrou2013
comumfaturamento deR$ 2,3 bilhões