economia criativa
Revista da ESPM
| setembro/outubrode 2014
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os segmentos da economia, como o defendido pelo Ins-
tituto da Economia Criativa desde 2005.
Também no início deste século, a revista
Business
Week
, tendo Stephen B. Shepard como editor-chefe, pro-
tagonizou o surgimento da economia da criatividade.
A revista lançou um índice inédito para identificar as
empresas mais inovadoras do mundo e, na sequência,
inaugurou umcanal específico na internet com foco no
design e na inovação.
Em janeiro de 2006, o FórumEconômicoMundial ino-
vou, colocando a criatividade, o design e a inovação no
centro das discussões. Essa iniciativa foi a constatação
de que, após todas as transformações a que foram sub-
metidas as grandes empresas internacionais, terceiri-
zando tudo o que podiam para a China e para a Índia,
essas ficaram todas muito iguais. Era o momento de
pensar emnovas fronteiras para a inovação.
Émuito comum identificar a questão dos avanços ou
retrocessos no desenvolvimento da economia criativa
às características culturais de uma nação. Por exemplo:
culturasmenos resilientes a riscos têmmenor propensão
à inovação. Nesse aspecto, nos Estados Unidos, onde o
desapego ao risco inerente aos negócios é maior, a cul-
tura de inovação floresce rapidamente, emcontraponto
à União Europeia, onde as falhas e o empreendimento
malsucedido não são bem-vistos.
A cultura voltada ao respeito e à devoção ao cliente é
outro elemento-chave para gerar inovações pormeiodos
serviços. Não há umparâmetro de comparação, mas os
serviços prestados no Brasil estão anos luz atrás daque-
les oferecidos nos Estados Unidos. O conceito de “satis-
fação garantida ou seu dinheiro de volta” é a alavanca
da excelência emserviços naquelemercado. Foi ali que
nasceu, em1999, o conceito da Economia da Experiên-
cia, inspirado no modelo Disney, com o propósito de
descomoditizar produtos e serviços. Essa foi a primeira
grande fronteira da economia criativa naquele país, lan-
çada pelos consultores Joseph Pine e James H. Gilmore.
Mas isso não é tudo. A base de formação educacio-
nal e a qualidade dos talentos são elementos-chave na
moderna economia. A Federação do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-
-SP) lançou em2012 o Índice das Cidades Criativas, que
acrescentou novos parâmetros qualitativos demedição
sobre tendências prospectivas para o grupodas 50maio-
res cidades pesquisadas. Qual foi a conclusão? Os índi-
ces tradicionais leemo passado, algo que não podemos
mudar, enquanto os índices prospectivos, ao identificar
potencialidades locais, permitem investir em capaci-
tação, conhecimento e desenvolvimento de atividades
ligadas a essas competências. Não adianta investir em
determinados segmentos onde não existemcompetên-
cias estabelecidas.
A lógica da economia criativa é diferente da lógica da
economiaindustrial.Nestaúltimaosempresáriosbuscam
localidades onde a logística e amão de obra barata lhes
são favoráveis. Em uma economia criativa, os talentos
necessários para desenvolver negócios se concentram
nas cidades onde as condições para o aperfeiçoamento
profissional são mais favoráveis a esses especialistas.
Assim, diferentemente domodelo industrial, os empre-
endimentos na moderna economia privilegiam locali-
dades onde se concentram os melhores talentos, pelos
Lançado em2008, oAirBnBé umcaderno de classificados
virtual, que permite o aluguel de acomodações únicas no
mundo. Hoje, a empresa oferece 800mil locações em34mil
cidades semprecisarmontar qualquer serviçohoteleiro
Cidades que oferecemuma
melhor qualidade de vida, ensino e
entretenimento são as quemais atraem
os talentos damoderna economia
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