setembro/outubrode2014|
RevistadaESPM
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dependerá de evolução técnica para estabelecer padrões
de reconhecimentoquedeterminarão “vantagemcompa-
rativa” para a substituiçãodo trabalhohumano.
A questão central nessa fase é o reconhecimento de
objetos irregulares. Nesse ponto o robô já começa a ter
capacidade de “arrumar o quarto de hotel”, reconhecer
necessidades diferentes e tomar decisão. Ou de fazer
comida, por exemplo. O robô que “pica salada” e separa
“folhas feias” dominou duas fases de destreza.
A segunda onda de computadorização depende de
a engenharia encontrar soluções para os gargalos de
padronizaçãorelativosàcriatividadee inteligênciasocial.
Éacapacidadedamáquinaemestabelecer interfacescom
problemas de originalidade, negociação e persuasão. Na
prática,éacapacidadeparaoestabelecimentodospadrões
para reconhecimento de “valores subjetivos”.
Um bom exemplo dessa segunda onda de computado-
rização” é o soft com capacidade para negociar e aprovar
contratos entre partes. O avanço nessa linha mostrou os
limitesdesseprocesso. Funções administrativas eocupa-
çõesfinanceiras “intensivasemtarefasgeneralistas”, que
requeremíndicesmaioresdeinteligênciasocial,estãocom
baixo risco de computadorização na escala de velocida-
desde “substituição” deFreyeOsborne. As tarefasde ator
(de publicidade ou teatro) ou de engenheiro também têm
riscobaixode computadorizaçãopelosmesmosmotivos.
Jáatendimentoouassistência legal temalto riscodecom-
putadorização pelo domínio dos gargalos de inteligência
social requeridos pela função.
Há uma conclusão bem forte no estudo dos pesquisa-
dores deOxford: não é apenas o salário ou o nível educa-
cional que mede o risco da computadorização. Há uma
tendência ingênuasobreo temaenvolvendoapolarização
entre alto e baixo salário. Oesvaziamento dos empregos
depadrãomédio—asgerências, porexemplo—necessaria-
mente nãodiz respeito à computadorização. Na verdade,
esse esvaziamento vem desde os anos 1980 e está mais
vinculado aosmodelos de “reengenharia”, praticados há
mais de 30 anos, comsucessoounão. Aanálise doO*Net
mostrou que os empregos demenor qualificação correm
risco maior de computadorização. Mas essa fase já pas-
sou. Asnovasondasdecomputadorizaçãonãoestãomais
vinculadas apenas à qualificação exigida pela função.
A resistência dos “humanos” à “substituição” também
será forte. Essa conclusão de que qualificação não freia a
automação, aumentaapercepçãode instabilidade: afinal,
quemseráatingidoprimeiropelacomputadorização?Eem
que rapidez?Omodelo de Frey eOsborne especifica uma
escala.Masosprópriospesquisadorestambémdefinemos
Tarefas que pediam“julgamento”
e processode decisãopassarama ser
realizáveis por “padronização”, como
o carro semmotoristadoGoogle
Quando o robô começa a reconhecer objetos irregulares,
adquire a capacidade de arrumar o quarto de hotel,
reconhecer necessidades diferentes, tomar decisões
e até fazer comida, por exemplo
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