setembro/outubrode2014|
RevistadaESPM
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autoral, num ambiente fluído, em que todos passam
a colaborar para a construção de um ecossistema de
informação digital. Outros argumentariam que não,
que pela tese da cauda longa o acesso barato à tecno-
logia abre uma cornucópia de oportunidades para os
que quiserem se aventurar por projetos independentes.
Ambas as realidades convivem no momento, e são
tendências que devem se perpetuar. Se por um lado a
enorme oferta de conteúdo transformou a informação
jornalística e de conteúdo em uma mera commodity,
por outro a informação de nicho ou ultrassegmentada
ganhou cada vez mais valor.
Aomesmo tempo, as geraçõesmais jovens desconec-
taram-se demarcas tradicionais demídia que detinham
não só o poder de filtrar informações para o público,
mas eram respeitadas como profissionalmente aptas
para checar os fatos, separar boatos de informação e
organizar e contextualizar as narrativas.
Isso gera uma oportunidade para que novos grupos
criem marcas adaptadas às necessidades dos jovens,
cada vez mais engajados em processos colaborativos
de comunicação, e para que os antigos incorporem
mecanismos de desenvolvimento ágil para desenhar
produtos nos moldes de startups, baseados em neces-
sidades humanas.
O presente traz inúmeras plataformas e possibilida-
des no ambiente digital. Wearables, drones, sensores,
games,
mobile
e as oportunidades geradas pelo
big data
trazem não só a possibilidade de gerar novos produtos
e serviços informacionais, mas também de controlar,
medir e desenhar produtos com precisão científica.
A análise dos dados e as métricas oferecem cami-
nhos para seguir adiante, mas não resolvem toda a
equação do que significa informar e entreter nos tem-
pos de hoje. É aí que entra o papel do design e da expe-
riência de usuário para buscar identificar necessidades
e resolver problemas complexos de usuários a partir de
técnicas criativas que se combinam com as novas pos-
sibilidades digitais.
Organizaçõesde
legacymedia
e startupsdevemabraçar
ambas as vertentes se quiseremser relevantes e engajar
audiências nos meios digitais. É pela união de arte e de
técnica, commuita prototipação ágil e de baixo custo,
aliada à incorporação dos usuários no processo produ-
tivo, que a nova mídia será testada. Construir produtos
e serviços informacionais que atendamàs necessidades
humanas, desenhados coma incorporação dos usuários
emestágios iniciais do processo (a tão falada cocriação),
se não são a solução, oferecem uma rota segura dentro
de um ambiente digital cada vez mais incerto, fluído,
mutante e multiplataforma. Em organizações da era
industrial, isso passa por rever processos, hierarquias
e até os espaços de trabalho, criando a oportunidade de
geração de ideias de maneira mais colaborativa entre
funcionários, comunidade e gestores. Afinal, o futuro
é beta e construído por todos ao mesmo tempo.
Adriana Garcia
Cofundadora do OrbitalLab e mestre em jornalismo,
mercado e tecnologia pela Escola de Comunicações e Artes da USP e
Stanford Knight Fellow (13’), onde se especializou em design thinking
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Opresente traz inúmeras plataformas
para a criaçãodemarcas adaptadas às
necessidades dos jovens engajados em
processos colaborativos de comunicação
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