setembro/outubrode2014|
RevistadaESPM
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Sete meses depois, ele tinha apenas dois clientes
na carteira, que não pagavam as contas da E-Spartam.
Assim, a agênciade gamificação emmídia social fechou
as portas. “E eu aprendi que
timing
é tudo na vida. Você
pode ter omelhor produto domundo, mas se omercado
não estivermaduro o suficiente para comprar sua ideia,
ela não vai vingar.”
Tallis então retornou para o mundo corporativo. “Fui
paraaUnileverdesenvolverumprojetodemídiasocialpara
otimedevôlei doBernardinho.Depois, assumi opostode
gerente nacional demarketing da Ortobom, onde criei o
primeiroe-commercede colchõesdopaís.”
Comohavialargadoosestudos,elereservavaumahora
por dia para estudar. “Montei minha própria grade curri-
cular e assimaprendi matemática, economia, finanças e
gestão—tudosozinho.Deucertocomigoporquesoumuito
disciplinado,masesteéotipodemétodoquenãofunciona
para99%daspessoas”, alertaoautodidata.
A busca por novos desafios levou Tallis a umcampeo-
natodeempreendedorismo,noRiode Janeiro.Aideiadele
eraapresentarumaplicativoparamonitorarônibus,apon-
tando as linhas que passavamno local emque o usuário
estava,comoobjetivodeincentivaraspessoasadeixarem
seus carros emcasa.
Para sorte de Tallis, umdosmaiores gurus do empre-
endedorismodigital cruzou seu caminhonaquelanoite.
“DaveMcClure, queestavaparticipandodoevento, foi até
minhamesa e acaboucomomeu sonhodizendo: ‘AGoo-
gle já está fazendo isso, garoto. Desista!’. Fiquei arrasado
e resolvi ir embora.” Como era tarde, ele ligou para uma
cooperativa e pediu um táxi. Mas, 40 minutos depois,
aindaestavaesperandooveículono local. “Liguei devolta
e recebi a informação de que não tinha táxi disponível.
Estava chovendo e não passava um carro na rua. Nesse
momentome dei conta de que a ideia do ônibus, na ver-
dade, deveria ser aplicada para os táxis.” E foi assimque,
em2011, Tallismontou o aplicativo Easy Taxi.
No ano seguinte, conseguiu o primeiro aporte de capi-
tal coma Rocket Internet, que investiu R$ 10milhões no
negócio.Atualmente,oempreendimentocontacom1,3mil
funcionários,300miltaxistascadastradose15milhõesde
usuáriosespalhadospormaisde35países. “Atéofinal do
anodevemos levar aoperaçãoparamais15países”, prevê
o fundador da Easy Taxi. “Este é omeu quarto negócio e,
certamente, nãoseráoúltimo. Quandoaempresaatingir
maturidadesuficiente—oquenãodevedemorar—,voupar-
tirparaumnovoempreendimento.Játenhoalgumasideias
relacionadas aoconceitode internet das coisas, é claro!”
Eleafirmaqueomundojáédigital,assimcomoomarke-
ting.“Temos35profissionaistrabalhandonodepartamento
demarketingdaEasyTaxietodossãoengenheiros,porque
hoje o difícil não é ter a ideia, mas sim colocá-la em prá-
ticaemetrificar seusucessoou fracasso.”Assim, aequipe
de Tallis investeR$ 300mil pormês emações on-line. “A
mídiaoff-lineécoisadopassado. Comaajudado
big data
,
você consegue entender o comportamento das pessoas,
criar anúncios personalizados e veiculá-los na internet,
enomomento certo. Afinal, oFacebooknãopagariaUS$
22 bilhões peloWhatsApp se não pudesse usar o serviço
móvel demensagens para gerar receita publicitária.”
De acordo com o mineiro prodígio, a tecnologia irá
revolucionar o mercado na próxima década. “Grande
parte do que consumimos hoje não será mais produ-
zida pelos seres humanos, e sim por robôs. Este é um
caminho sem volta. O mundo está mudando cada vez
mais rápido. Basta lembrar que em 2004 você jamais
sonharia em ter umcelular conectado o tempo todo ao
Facebook”, lembra Tallis. “Emais uma vez o automóvel
— desta vez, autônomo — será omotor dessa revolução,
agora baseada no
big data
. Empouco tempo teremos um
ensino personalizado, umsistema de saúde personali-
zado, ummundo personalizado!”
“Este é omeuquartonegócio e,
certamente, não seráoúltimo. Já
estoupensandonomeupróximo
empreendimentodigital, é claro!”
TallisGomes
e s p e c i a l E m p r e e n d e d o r e s d i g i t a i s