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ponto de vista

Revista da ESPM

| setembro/outubrode 2014

174

Paola R. Campanari

Preparado paragerenciar

o

paradigmade consumo

entreo ter eo ser?

V

ocê leu? Compartilhou? Deu like? Fez uma

busca?Milhares de perguntas embaladas em

verbos de ação rápida interferem em nossa

rotina pessoal e profissional. Se pensarmos

que grande parte disso provém de resultados da tecno-

logia, evoluindo mais rápido do que a nossa capacidade

de absorver informações, notaremos que estamos em

um grande ponto de mutação ou reinvenção da forma

de construir valor para marcas, produtos e empresas.

Adinâmicageradapelos impactosda tecnologianavida

de pessoas que consomem (devemos chamá-las assim,

em vez de consumidores?) leva o marketing a questio-

nar ou até inverter ortodoxias e convenções, passando a

seguir as pessoas (consumidores) que agora têmo poder

de criar, transformar e redirecionar emsegundosmuitas

das estratégias e ações estruturadas pelas empresas. Isso

impacta fortemente na construção de valor percebido e,

consequentemente, no valor financeiro.

Novas ferramentas para diferenciação e conteúdos

ativam e aprofundam emoções e relações, e as pessoas

descobremas redes de expressão pessoal e compartilha-

mento de informações, criando comunidades e novas

afinidades. Chegamos ao momento em que as marcas

começam a seguir os consumidores.

Essa evolução é um curso natural, refletindo o movi-

mento da sociedade atual e tecnológica, na qual o valor

do ser tomamais força que o valor de apenas ter objetos.

Abre-se a fase de cocriação, de intervenções, ou seja, o

fortalecimento de alguns elementos do composto de

marketing. Como desenhar um novo modelo de marke-

ting sustentável que abrace as transformações da socie-

dade e a sua relação como consumo, semperder o foco?

O marketing requer agora que se siga na direção das

pessoas, das comunidades e da sociedade, absorvendo a

cultura dominante, as novas formas de relacionamento,

o novo fluxo da economia, das inovações e da tecnologia.

Não parece umefeito exclusivo dos novos tempos, porém

anovidadeestána rapidezdas transformaçõesnofluxodo

mercado consumidor, no qual as novas tecnologias acele-

ramprocessosdedesenvolvimentodeofertase, aomesmo

tempo,entregamaoconsumidormaispoderdeinformação

e escolha. Semisso, corremo risco iminentedenãoperce-

beremqueainfluêncianomercadoestámudandodemãos,

oumelhor,passandotambémparaasmãosdaspessoasque

consomem, desejamparticipardecriaçãocooperada, esta-

belecer diálogo emtempo real e são impacientes na busca

desoluçõesqueresolvamassuasnecessidadeseproblemas.

Há, claramente, umamudançadeparadigmanomodelo

de gestão de comunicação e marcas, diante de ummer-

cado mais dinâmico e tecnológico na troca de informa-

ções. A marca é um meio, e não um fim para a satisfa-

ção das pessoas, e precisamos enxergar o ecossistema

ampliado e participativo provocado pela tecnologia na

construção de marcas.

São asmarcas que começama seguir as pessoas. Esse

entendimento é fundamental para evitar a acomodação

e saber se existe vulnerabilidade na posição de marcas

mais amadas. O objeto de desejo final não é a marca, e

sim o benefício que ela proporciona à pessoa, especial-

mente o valor emocional percebido. E esse valor pode

mudar cada vezmais rápido, devido às novas e frequen-

tes opções de ofertas e influênciade grupos de referência,

culturas, aspectos socioambientais. A tecnologia traz,

sim, um convite à elevação do talento pessoal, acesso à

educação e às artes, autoexpressão e liberdade.

Paola R. Campanari

Senior Manager Corporate da Samsung

*Colaboração: Mariana Rocha – Supervisor Corporate Marketing da Samsung

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