setembro/outubrode2014|
RevistadaESPM
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latinstock
Aerado
user friendly
acabou.
Agora os sistemas sãonossos
friends
.
Essa inteligênciaprogramática é abase
dessemomentodisruptivodahistória
um completo perfil de um indivíduo —seus gostos, inte-
resses, tendências, nível social e econômico, propensão
de compra e muito mais — por meio da observação de
seu comportamento na rede. É uma fotografia abran-
gente de cada indivíduo.
Commargens cada vezmenores de erro, somos capa-
zes de determinar o momento e a mensagem correta
para falar com você —ou lhe oferecer um produto, no
caso de publicidade. Isso é ruim? Não, isso é fantás-
tico. Vivemos uma explosão do mundo programático.
Da inteligência programática —softwares, algoritmos e
sensores a observar e a aprender sobre você para inte-
ragir de forma eficaz e positiva. Para melhorar e facili-
tar a sua vida.
A era do
user friendly
acabou. Agora os sistemas serão
simplesmente nossos
friends
. Essa inteligência progra-
mática é a base deste que é umdos momentos mais dis-
ruptivos da história moderna.
A computação deu enormes saltos de evolução. Saiu
domainframe para o desktop, depois para o laptop, para
o smartphone e, neste momento, está ultrapassando
uma nova e importante fronteira: nosso próprio corpo
e o ambiente íntimo no qual vivemos.
Os aparelhos com sensores (
sensor-laden devices
)
mudam tudo o que conhecemos. Até agora, a geração de
dados na internet era fruto de pessoas fazendo alguma
ação. Agora, os devices inteligentes e sensores estão
criando a chamada “
internet of things
” (internet das
coisas). Tecnologia sozinha gerando dados sobre nós.
Os
wearables
(devices que vestimos) como Google
Glass, ou o Nike+ FuelBand e até mesmo as novas tatu-
agens eletrônicas, coletam uma enorme quantidade
de informações íntimas de nosso corpo e do ambiente
em que vivemos — nossa atividade diária, qualidade do
sono e até se escovamos bem os dentes.
É uma imensa quantidade de informação sobre a
nossa mais profunda intimidade, que gera um enorme
poder. Muito em breve, o marketing poderá antecipar
a necessidade dos consumidores antes de eles expres-
sarem essa necessidade.
Porém, você conhece o ditado: “
With great power comes
great responsibility
”. Nemeu nemvocê queremos ver toda
essa informação sobre a nossa intimidade e hábitos ser
usada sem responsabilidade, certo?
Pois bem, as regras são necessárias para assegurar
essa “responsabilidade”. Assim, o Marco Civil estabe-
lece princípios básicos ligados à neutralidade da rede,
guarda de dados, limitação de responsabilidade e, claro,
privacidade, que foi o exemplo acima.
Uma das determinações nesse sentido é que os “pro-
vedores de aplicação” devem sempre informar aos
usuários a forma com que os seus respectivos dados
serão coletados, utilizados e para qual finalidade.
Lembrando sempre que existe um limite legal na uti-
lização de informações pessoais dos usuários, já que o
acesso invasivo aos e-mails e conversas privadas dos
usuários violam o princípio legal e constitucional do
direito à privacidade.
O Marco Civil garante aos usuários o direito do não
fornecimento a terceiros de seus dados pessoais, inclu-
sive dados de acesso, salvo por meio de consentimento
livre, expresso e informado.
É importante, pois, que as marcas verifiquem os ter-
mos de uso de seus websites para conter informações
claras sobre a coleta de dados e a finalidade de seu uso.
Os usuários devemestar cientes das normas que regem
a utilização de seus dados, principalmente, quando for
para uso publicitário.
As leis são a frágil e imperfeita tentativa humana de
se estabelecer justiça (acho que alguém disse isso em
um filme).
Eu discordo da ideia de que oMarco Civil trouxemais
dúvidas. O problema é que ele tenta regulamentar um
assunto ainda desconhecido e em rápida e constante
mutação. Dito isso, o Marco Civil tem, sim, falhas e
incongruências. Mas sobre isso falaremos no próximo
episódio de “Marco Civil e o Mundo Programático”.
Edmardo Galli
Presidente na América Latina da Ignition One