Mesa-
redonda
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R E V I S T A D A E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2010
142
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O trabalhodaEmbrapa, deCampinas,
mostraquenenhumpaís conservou
tantoasflorestasquantooBrasil.
~
ma, exatamente?” E você levantou
aspectos do problema. Creio que
ninguém nessa mesa, em sã cons-
ciência, irá dizer que não há pro-
blema, mas existe certa lógica em
entender qual é o problema para
poder resolvê-lo.
DENIS
– Não vamos entrar no
debate ainda, deixemos para um
segundo momento. Porém, usar o
exemplo da China não me parece
adequado,porqueelanãoestá inte-
ressada no diálogo global, mas sim
em seus lagos, que foram poluídos
pela industrialização comunista
e absolutamente selvagem, como
na União Soviética, onde hoje, a
população tem problemas graves,
até mesmo respiratórios. Isso tem
a ver com a questão ambiental em
geral, mas não diretamente com o
aumentoda temperaturaglobal.Está
relacionado aos problemas diretos
que eles estão sofrendo.
PERCIVAL
–Não soucientistaenão
guardo números, mas acredito que
temosumproblema sério.Omelhor
disso tudo é que está se provocan-
do uma reflexão humanista sobre
qual é a atitude perante a vida. Os
chinesesestãopreocupadoscomos
lagos,que foramdegradadosporum
processo industrial tardio e louco.
Estaéuma reflexão independentede
questões planetárias. Como é pos-
sível não apenas recuperar os lagos
chinesesdegradados,masevitarque
umnovoprocesso industrialdegrade
novos lagos? Rever essa questão
dianteda vida éo ganhomaior, um
aspecto positivo no sentido de que
vamosolhardentroda tesesocioam-
biental.Oambientalporambientalé
aecologia.O socioambiental−que
impacta na qualidade de vida das
pessoas, nas relações delas com a
vida − não é o Ismael domeu lado
e oDenis do outro. A vida émaior.
Essa reflexão é boa e está sendo
provocadaporessequestionamento.
ISMAEL
– Quero retomar o que
o Hiran mencionou sobre os três
aspectos da sustentabilidade. O
aspecto social, apesar de vir à tona
numa discussão mais humanista,
está sendo um pouco esquecido.
As indústriasbrasileirasprovocaram
um passivo social muito grande:
temos uma economia invejável e
onosso IDH é comparado a países
muito distantes da nossa realida-
de; no Nordeste, temos 20% de
analfabetos em pleno século 21.
Será que não estamos dando um
sentido desigual para as coisas? A
sustentabilidade deve permitir que
o desenvolvimento econômico,
social e ambiental sejam pilares
construídos no mesmo nível, na
mesma estrutura.No entanto – e aí
vemoquestionamento –por queo
ambiental tem um apelomidiático
maior e o social fica em segundo
plano? Qual é a empresa que tem
dadomaisdestaquepara suasações
de sustentabilidade, com foco no
social? Estão todas focando suas
ações na área ambiental – que é
necessário.Masoque faremoscom
essepassivo social quecomprome-
te a nossa realidade, o nosso de-
senvolvimento? A sustentabilidade
émais ampladoque simplesmente
o foco ambiental.