Sustentabilidade_Janeiro_2010 - page 149

A criatividade humana
salvará o planeta
janeiro
/
fevereiro
de
2010 – R E V I S T A D A E S P M
149
}
Éoganhomaior, umaspecto
positivono sentidodequevamosolhar
dentroda tese socioambiental.
~
î
que, movidos por interesses, cha-
mam para si, para o seu pedaço de
mundo, a responsabilidade. O que
você comentou, Gracioso, sobre
as grandes corporações do mundo
dos negócios procede, até porque
a energia de gestão e omovimento
muscular de “ganhar” que esse
mundo tem conferem a ele uma
velocidade de realização. Foi lan-
çado recentemente o livro “Plano
B 4.0 − Mobilização para salvar
a Civilização”, do ambientalista e
presidente do Earth Policy Institute,
LesterBrown. Segundoele,há,pelo
menos, trêscaminhospossíveispara
salvar a civilização. Um deles é es-
perar uma grande catástrofe para a
humanidadese repensar.Osegundo
é geracional − gradativamente, ao
longo de duas ou três gerações se
criará um padrão de modelo men-
tal para a sociedade. E o terceiro
representa agrupamentos de forças
econômicas, políticas e científicas
– não necessariamente num bloco
único, sob uma liderança única –,
mascoordenadosdemodoacolocar
pressão, nobom sentido, empolíti-
caspúblicasquevêmdosgovernos.
GRACIOSO
– Não há duvida, o
caminho é esse.
MICHELE
–Depoisqueessaquestão
foi instigada publicamente entre a
população e foi colocado na mão
das pessoas o poder de compra, de
optar por empresas sustentáveis e
ecológicas, ficou claro que o setor
privado tem papel fundamental
nessacaminhadaequeasempresas
quenãoodesempenharem−escla-
recendo de maneira transparente
no que estão trabalhando − serão
facilmente substituídasnomercado.
GRACIOSO
– Estamos falando do
mercado internacional?
MICHELE
–Donacional, no longo
prazo.
JRWP
–Ou seja, o própriomerca-
docobra isso, aspessoas cobrando
das instituições.
DENIS
– Cuidado nesse ponto.
Muitas vezes são concorrentes que
visam prejudicar outras empresas
em nome da sustentabilidade. Um
exemploconcretoéocaso– indíge-
na–daAracruzPapel eCelulose,no
EspíritoSanto.Aempresa,que tinha
praticamente ganho uma ação, é
sustentável eapresentaaltos índices
depreservação ambiental.Origina-
riamente, não havia nenhum povo
indígena no Espírito Santo, isso foi
uma criaçãodeONGs, emparticu-
lar do CIMI (Conselho Indigenista
Missionário) e do MST, no caso,
a Pastoral da Igreja. O resultado
desse impasse: mesmo a Aracruz
sabendo que ganharia a ação do
Supremo dentro de cinco anos,
ficou commedo de perder merca-
do. A empresa acabou perdendo
11 milhões de hectares porque
haviauma campanha internacional
orquestrada contra ela. Claro que
impôs algumas condições, como o
cortedasárvores,porqueoMinistro
da Justiça sabia que se ela entrasse
no Supremo, iria ganhar. Fizeram
umanegociaçãoe terminaramnuma
situação ruim para a Aracruz, não
porque perdeu os hectares, mas
porque a pressão internacional das
ONGs poderia prejudicar seumer-
cado internacional.
HIRAN
– As guerras de interesses
demercadoestão semprepresentes.
Quandoaconteceummovimentode
competição,misturam-secausasde
diferentes matizes dentro daquele
turbilhão. Por exemplo, o Professor
Gracioso citou a rastreabilidade do
gado; claro que há um componen-
te de preocupação com a saúde
públicana Europa,mas há também
um componente de desqualificar o
gadobrasileiro, queéapecuáriade
extensão mais barata. O gado em
estábulo, evidentemente, gera um
customais alto. Com isso, oprodu-
tor irlandês diz: “Vamos jogar essa
da rastreabilidade em cimadeles, o
pessoaldaquideixadecomprareos
tiramos domercado”.
JRWP
–Como a aftosa.
HIRAN
–Um amigomeu tem uma
frase que diz: “Jabuti não sobe em
árvores. Quando está lá, é porque
alguém o colocou”. Sempre há
alguém que vai colocar o jabuti ali
paraatrapalhar, para tumultuar, isso
é inevitável.Mas apesar de todas as
guerrasde interesse,asmacrotendên-
ciassempreacabamcaminhandoem
umadireçãopositiva.Historicamen-
te, acaba prevalecendo a evolução.
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