A criatividade humana
salvará o planeta
janeiro
/
fevereiro
de
2010 – R E V I S T A D A E S P M
143
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Estamos vivendo– sobretudoaqui noBrasil
–ummomentodeumambientalismoxiita.
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GRACIOSO
– Não deixa de ser
curioso, pensandonocasobrasilei-
ro que, enquanto várias empresas
procuramestimularessepensamen-
to sustentável, ecológicodemilma-
neirasdiferentes,nossogovernonão
temdadoprovasdequecomproua
ideia, pelomenos por enquanto. E,
se por descuido forem aprovadas
normas e leis ambientais rigorosas
que sustemusinas, estradas eassim
por diante, nosso governo será o
primeiro a se levantar contra essas
leis que ninguém sabe bem como
equando foram feitas. Sedepender
do Lula, por exemplo, ele levará a
água do São Francisco para qual-
quer outro lugar sem nenhuma
preocupação ambiental.
JRWP
–O Ismael falou do social e
o nosso governo faz do social uma
bandeira.
GRACIOSO
–Não se pode falar da
sustentabilidade social sem antes
discutir o problema ambiental, que
é o mais premente, não é apenas
midiático. Continuo achando que
nãohá sinceridade,principalmente,
por parte dos governos.
JRWP
– A Michele distribuiu um
belo trabalho da sua empresa, que
não fala do governo, nem das em-
presas,mas simdas pessoas.Talvez
fosseomomentode introduzir esse
elemento: os brasileiros diante das
mudanças climáticas eapercepção
queaspessoas têmdesseproblema.
MICHELE
– Amídia tem um papel
importante na divulgação da ques-
tão da sustentabilidade, das neces-
sidades demudanças e vemos que
isso, de fato, afetou o consumidor.
Hoje, ele pensa nisso, nas suas
atitudes e no ato da compra, mas
ainda se sentemuito confuso e não
entende o que está acontecendo.
Observamos que o Brasil é um dos
países que apresentammaior preo-
cupaçãodapopulaçãocomaques-
tão climática e também em saber o
que as empresas estão fazendo.
JRWP
–Você acha que houve uma
falha por parte das empresas na
informação das pessoas a respeito
dessas questões ou talvez do pró-
prio governo?
MICHELE
– Sim, existe e isso está
claro. O Brasil é um dos países em
queháumadistânciaentreaexpec-
tativadoqueapopulaçãoesperadas
empresasnesse sentidoeoqueeles
percebem como desempenho do
trabalhoqueelas fazem. Issoficando
atrásdepaísesdesenvolvidos, como
Estados Unidos, e de emergentes,
como a China, prova que, além
do trabalho da mídia, do aumento
da divulgação de balanços sociais
e do empenho das empresas, elas
não estão conseguindo comunicar
o assunto para o consumidor.
JRWP
– O brasileiro é cético, ele
não acredita que as coisas estejam
sendo feitas?
MICHELE
–Ele temdúvidas.Antiga-
mente, qualquer pequena ação era
vista de forma positiva pelo brasi-
leiro. Hoje, depois de ser instigado
pela mídia e por todas essas ques-
tões, ele balança: “a empresa está
fazendo isso.Mas,emcontrapartida,
está causando todos esses danos”.
JRWP
–Houve talvezcertoexagero
na comunicação das empresas em
relação às suas ações sociais?
PERCIVAL
–Com certeza. Houve e
está havendo.
JRWP
– E isso prejudica a comuni-
caçãoobjetiva, comodizaMichele.
PERCIVAL
– Pode ser pelo baixo
conhecimentodoassunto,que tanto
as empresas como os profissionais
de marketing e comunicação têm,
ou ainda pelo oportunismo, pelo
interesse de curto prazo, porque o
curtoprazoéoque regeosnegócios
nesse nível.
JRWP
–Existe,até,aexpressão
green
marketing
que eu, apesar de ser do
ramo, não sei bem o que significa.
PERCIVAL
–OqueoprofessorGra-
ciosomencionou, “abuscademéto-
dosnovosnão tãoeficientesparaas
empresas”, nãoé, necessariamente,
verdade. A Unilever defendeu, no
mundo inteiro, um
business plan
(planodenegócios) quinquenal; no
qualela terádecrescer“x”porcento
(eles nãodizemquanto,mas éuma
taxa agressiva de crescimento) até