Mesa-
redonda
¸
R E V I S T A D A E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2010
146
}
Amídiaconstituiuum
papelmuito fortenadivulgaçãoda
questãoda sustentabilidade.
~
atrás, o Thomas More escreveu a
Utopia
.Há500anososhomens es-
tão tentandopôrempráticaaqueles
princípios e não conseguem. Será
que a sustentabilidade não é uma
nova formadeutopiaqueohomem
nunca irá realizar?
HIRAN
–Queria falar umpoucodo
Brasil.Colocando-menumaposição
absolutamente neutra em relação a
partidos e atitudes de Governos. É
natural que todos tenhamos uma
suspeição com relação à classe
política porque, com honrosas ex-
ceções, os políticos pensam mais
neles doquenobemda sociedade.
O fato é que oBrasil é umpaís que
tem avançado muito em algumas
questões por pragmatismo. Vamos
pegar o que está acontecendo na
nossa sociedade. Podemos aplaudir
ou questionar certas políticas de
distribuição de renda que foram
adotadas, mas o fato é que isso de-
monstrounapráticaquequando se
aumenta o salário-mínimo ou dá o
BolsaFamília, criamercado,porque
essas pessoas não vão poupar, vão
consumir. Inegavelmente, issocriou
um círculo virtuoso na economia.
E, também, demaneira apartidária,
como todos os empresários querem
o sucessoda suaempresaebuscam
o lucro, eles passaram a achar que
essas políticas não são tão ruins
assim – mesmo os que, ideologi-
camente, pudessem questionar,
porque abriu o mercado. Se você
é um idealista e acha que tem de
melhorar a distribuição de renda,
que o nosso índice de Gini (que
mede o grau de desigualdade da
renda domiciliar
per capita
) é uma
vergonha, provavelmente, vai achar
queessaspolíticas têmalgummérito
num país como o nosso. E, se você
é simplesmente alguém que quer
ganhardinheiro,umempreendedor,
tambémvai acharbom, porqueestá
movimentando a economia. Então,
deuma formaoudeoutra, se avan-
ça. De novo, pode ser que algumas
pessoas não acreditem em nada do
que estamos falando aqui,mas cer-
tamente já perceberam que é uma
grande oportunidade de negócios
para se mostrar mais convincente
e estar dentro das escolhas do con-
sumidor. Na minha visão pouco
importa, em termos práticos, se a
Unilever émovida por ideal ou hi-
pocrisia; até acredito que lá dentro
temgentesériaesesou idealista,por
que eles não podem ser?
JRWP
–Ou pragmatismo.
PERCIVAL
– É pragmatismo para
resultado de negócios. Se isso é
um dado relevante para o proces-
so de negócios hoje, passa a ser
importante.
HIRAN
–Mas vai chegar aomesmo
lugar. Você tem hoje ummercado
de crédito de carbono e isso não é
fantasia, há empresas cadastradas e
já existem transações, pode-se ir ao
Banco do Brasil e fazer transação
com crédito de carbono. Então,
manter uma floresta de pé torna-se
um bom negócio. Numa reunião,
que teveapoio internacional imedia-
to, criou-se o Fundo da Amazônia
que é do Estado brasileiro. A No-
ruegadoouUS$1bilhão ao fundo.
DENIS
– Você acredita que a No-
ruega está desinteressadamente
preocupada?
HIRAN
–Ninguém estádesinteres-
sadamente em nada nesse mundo
de Deus. Fora Madre Teresa de
Calcutá e meia dúzia de pessoas,
todos os outros estão interessados
em alguma coisa que não é só o
bem da humanidade.
DENIS
– Coloquei essa questão de
formadiretaporque tenhoobserva-
donasminhaspesquisasquealguns
países – para citar dois exemplos
bemclaros: aNoruegaeatémesmo
a Espanha – têm ingerência nos
assuntos internos do Brasil, inge-
rênciamesmo.
HIRAN
–Tem, está cheiodeONGs
esquisitas por lá.
DENIS
– E em Ilha da Marambaia
(RJ), onde fica o Comando-Geral
do Corpo de Fuzileiros Navais do
Brasil, financiando um suposto
quilombo − que não existe − com
o dinheiro daNoruega. ANoruega
estáfinanciando invasões epublici-
dade de questões indígenas que no
Mato Grosso do Sul, por exemplo,
estão em litígio.
JRWP
– Qual é o interesse da No-
ruega?