Mesa-
redonda
¸
R E V I S T A D A E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2010
148
}
Comoépossível nãoapenas recuperar
os lagos chinesesdegradados,mas evitar queum
novoprocesso industrial degradenovos lagos?
~
}
Émuitomaisnecessidadede inovar
paraodesenvolvimento, queéocresci-
mentocompartilhadoequilibradamente.
~
GRACIOSO
– Creio que o Percival
eoHirane, emmenor grau, o Isma-
el, já tocaram nesse ponto quando
dizem que por interesse, pragma-
tismo ou pelo que for, há empresas
investindo em novas metodologias
e regulamentações. Estão tentando
mudar a maneira de pensar das
pessoas, conduzindo-as para “uma
nova economia verde”. Acho que
está claro. Só há alguém que pode
liderar issoqueéa iniciativaprivada,
por interesse próprio.
JRWP
–Não sei seháconsensones-
se sentido porque vejo, por exem-
plo, o Denis, defendendo muito o
papel do Estado.
DENIS
– Acredito em um tipo de
legislação que impeça, digamos,
o dano ao próximo. Agora, a re-
gulação pode até ser feita por uma
agênciapública,quenãoprecisaser,
necessariamente, uma estatal.
GRACIOSO
–VocêdizqueoBrasil
deveria ser “donodo seunariz”. Isso
não é mais possível. Nós estamos
relacionados de tal forma com o
resto do mundo que não podemos
sequer legislar ignorando o que se
passa fora de nossas fronteiras. Só
para dar um exemplo concreto,
o Brasil vem sendo pressionado
pela União Europeia há anos para
implantar a rastreabilidade dos
rebanhos. Fomos empurrando com
a barriga, até que há três ou quatro
anos criamos um sistema fajuto –
tipo jabuticaba, que só funcionaria
aquidentro.Oseuropeus recusaram
e, a partir do ano passado, o Brasil
perdeu ummercado anual de US$
1,5 bilhão, o que foi uma tragédia,
porque os europeus simplesmente
disseram: “Se não tem rastreabili-
dade, não exportammais para cá”.
Rastreabilidade é sustentabilidade.
Eles querem saber seessegadoestá
comendo capim no lugar errado e
assim por diante. Não adianta, te-
mos de pensar junto com omundo
e procurar soluções pragmáticas,
econômicas e sustentáveis. Outro
dia soube que em Sertãozinho (SP)
háumaplantaçãodecanaorgânica
de oito mil hectares, um negócio
fabuloso que está ganhando muito
dinheiroexportandoaçúcar orgâni-
co para Europa e Japão.
HIRAN
– Podiam estar produzindo
uma cachaça com essa cana...
JRWP
– Mesmo assim cabe a per-
gunta: aquem compete liderar esse
movimento, cujoconsensoédeque
ele é tão necessário e até relativa-
mente urgente?
PERCIVAL
–Nãoexiste, necessaria-
mente,uma liderançaoficial.Como
oGraciosocitou,hágruposdistintos