Entrevista
¸
R E V I S T A D A E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2010
26
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Para nós, desde a época do
Real, a “imagem precisa ter um
correspondente na identidade.
~
FERNANDO – Se não houver essa
coerência, não adianta a área de
propaganda e de comunicação
estar bem intencionada, conectada
com uma essência, se a agência,
no dia a dia, o
call center
e os fun-
cionáriosnãoacreditaremnaquilo.
Daí a importânciadopapel do líder
porque o líder é quem toma a últi-
ma decisão a respeito de qual é a
direçãoem relaçãoàcomunicação
e, principalmente, em relação às
atitudes no dia a dia. E tudo co-
munica. Se tenhoumdiscursocom
essas visões e conceitos, tenho de
cuidar sim do segurança, porque é
o segurança que está ali na porta
giratória recebendoos clientes nas
agências. “Ah, mas o serviço é
terceirizado”. Não importa, ele
precisa atuar de acordo com os
meus princípios. Isso serve para
funcionários do
call center
, em-
presas de tecnologia, serviço de
limpeza... Atualmente, o banco
tem uma população de 50 mil
funcionários diretos e mais 30
e tantos mil terceirizados. Vocês
aqui na ESPM devem ter funcio-
nários tercerizados.
GRACIOSO –Claro.
FERNANDO – O senhor já imagi-
nou seessas pessoas nãoestiverem
dançandoconformeamúsica, seos
seusalunoseprofessores foremmal
atendidos? No banco é a mesma
coisa. Não adianta ter essa visão,
seosbanheirosestiverem imundos.
Atenção e vigilância com relação
a essa essência e a todas as mani-
festações são essenciais para que
eu possa, de fato, garantir que a
organização como um todo com-
partilha e está indo nessa direção.
Esseéograndeativo.Apropaganda
comunica com um poucomais de
volumeporquevai paraa televisão,
mas, no fundo, tudo comunica. E
se eu não cuidar dos detalhes, vou
enfraquecer e deixar vulnerável a
minha reputação. Paranós, desdea
época do Real, a “imagem precisa
ter um correspondente na identi-
dade”.Nãoqueremos ser atrativos,
bonitões e depois não entregar.
Nós, de fato, acreditamos que a
nossa grande força é sermos o que
nós pregamos ser.
GRACIOSO – Vocês conse-
guem, sem dúvida, descer até
o segundo, terceiro e quarto
escalões, mas estamos falando
de 80mil pessoas. Como vocês
conseguem integrar 80mil pes-
soas nessa filosofia?
FERNANDO – Diálogo. Muito
diálogo, transparência e engaja-
mento dos gestores, da liderança.
Isso é fundamental. Duas questões
que gostaria de trazer para essa
pergunta: primeiro é que nós,
seres humanos, somos iguais ao
que éramos na época de Platão,
nas épocas antes de Cristo; ainda
somos muito parecidos com essa
forma inicial. Se o senhor acessar
o Google em busca dos “assuntos
maisprocurados”, osTopSearchdo
Google, verá que o significado da
vida está entre os mais buscados.
“O que viemos fazer aqui, onde
estamos, paraondevamos?” éuma
perguntaexistencial quenosacom-
panha há milênios e nos permite
refletir, parar e dizer: “depois de
tudoquevivemos, eucontinuocom
as mesmas questões existenciais;
depois de tudo que a humanidade
estudou, aprendeu, evoluiu – car-
ro, celular, telex, aviões – eu, ser
humano, continuo muito próximo
do padrão original”. Daí a questão
de humanização passa a ser muito
relevante nas relações. Como rela-
tivizamos a importância e a con-
tribuição, a nossa insignificância
nesse mundo e na nossa trajetória
de vida. Issonos leva – novamente
– para a questão do comedimento
sobre o nosso papel aqui e a nossa
contribuição. Seele for verdadeiro,
vai ser original – com relação ao
padrão original do ser humano. A
segundaquestãoéquea tecnologia
está nos libertando das amarras
da sociedade industrial onde eu
fazia, mandava e controlava tudo.
Issoestámudandoaolhos vistos.A
partir domomento em que eu não
controlo mais nada, tenho de me
voltar para a essência.
GRACIOSO – Você tem de
integrar.
FERNANDO – Integrar e entender
qual é o meu eixo, a minha es-
sência, porque a partir daí é que
vou poder tomar decisões. Se eu
conseguir incluir nesse processo
outras pessoas, e daí a interdepen-
dência,melhor.Oveículopara isso
é o diálogo. E as ferramentas estão