Fernando
Martins
janeiro
/
fevereiro
de
2010 – R E V I S T A D A E S P M
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se multiplicando com os blogs,
twiters, facebooks, orkuts, sites...
Toda notícia que o senhor lê hoje,
na internet, tem lá o espaço para
comentários. Essa comunicação
emduas vias vai enriquecermuito
a possibilidade de aprendizado,
de troca. Estou otimista com isso.
Acho maravilhoso porque os
tempos atuais estão trazendo à
tona novas possibilidades para os
seres humanos no Planeta Terra.
Antigamente achávamos longe
os Estados Unidos, a Rússia... As
máscaras estão acabando, os Mu-
ros de Berlim estão caindo e nós
estamos tendo a possibilidade de
nos relacionar edecuidar do todo.
Maturidade é outra palavra-chave
nessemomentonomundo: “oque
tenho a ver com isso tudo, qual o
meu papel como indivíduo, como
empresa”. Issoestáemergindocom
muita força. Sinto-me muito mais
unido ao banco, à empresa, se eu
compartilhar da causa.
GRACIOSO – Vou fazer uma
comparaçãoacadêmica.Souum
estudiosode culturas empresa-
riais e a da AmBev tambémme
fascina. Éumaculturapragmáti-
ca voltada para resultados, que
respeita o ser humano, mas,
méritoparece ser apalavra-cha-
ve. De tal forma que 60%da re-
muneração total dosexecutivos
deprimeiro, segundoe terceiro
escalões são variáveis. Isso
pressupõe uma cultura monta-
da na cobrança, na fixação de
metas que devem ser atingidas
a qualquer custo se você quer,
realmente, corresponder e ga-
nhar mais. Você sabe que não
hádoismundos, umpretoeum
branco; os meios-tons talvez
sejam a resposta. Esta cultura
da AmBev coloco num dos ex-
tremos do espectro e a cultura
do Real (agora, Santander),
no outro, expressa por suas
próprias palavras. Como você
interpretaessesdois extremos?
É possível aproximá-los para
chegar ao ideal?
FERNANDO –O elemento essen-
cial éo ser humano.Acompetitivi-
dade fazpartedavidadaspessoas,
mas nãoaqualquer preço. Épreci-
so ter um ideal compartilhado, que
pode ser vender cerveja. Talvez,
comopassar do tempo, as pessoas
tendomais informações, queiram
ter ideais e se identificar comuma
causa, alémde vender cervejas ou
refrigerantes. Costumo dizer que
tomamos decisões baseados na
cabeça, no coração e no bolso.
Talvez a AmBev seja um expoen-
te da cultura capitalista de curto
prazo. Acho que estão mudando,
pois já incluíramdesenvolvimento
sustentável e sustentabilidade na
sua essência.
GRACIOSO –Aorigemdessa cul-
tura, dizemqueéa famosaEscola
deChicagodoMilton Freedman,
queseria tambémaorigemdacri-
se capitalista atual, de forma que
precisamosolhá-lacom reservas.
FERNANDO –
Sustainable business
não significa você abraçar árvores;
significa você cuidar do equilíbrio
da vida. Nós, como seres humanos,
temosumaresponsabilidadeampliada
porque temos consciência.Achoque
a cultura da AmBev é uma cultura
vencedora,oquemeperguntoé“qual
é o significado, qual o valor residual
para as pessoas?” Ganhar dinheiro
não é valor residual, conheçomuitas
pessoas que sãomilionárias e insatis-
feitascomo indivíduos.Oserhumano
é omesmo, o fato de termilhões ou
bilhões de dólares, não impede que
eu tenha câncer, depressão ou que
seja insatisfeito – como se diz na
linguagempopular “oburaco émais
embaixo”.Onde?Na integridade,que
estamos chamando aqui de huma-
nização das relações, qual seja o de
melhor do meu humano. Acho que
estamos entrando num período que
falamosdeamor,masnãono sentido
doamorpaternalou fraternal. Éamor
dohumano, domelhordohumanoe
sendoclaro, sendo transparente. “Ah,
mas um banco falando de amor vai
quebrar”.Não!Umbanco,entenden-
doasrelações tambémsobopontode
vista emocional, vai permitir que ele
tomeasmelhoresdecisõesporqueeu
conheço a pessoa, o que ela pensa,
conheço a empresa e como ela age
– racional eemocionalmente. Isso foi
uma conversa que tive como diretor
de crédito doABN há algum tempo:
“Para ser diretor, tenho de ser frio,
tenho de tomar as decisões. Venho
paracáracionalmente”.Sevocêpensa
assim, vocêestá se limitando, porque
}
Tenho a convicção de que nós, de
fato, possuímos uma responsabilidade
e um objetivo pela frente.
~
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