Sustentabilidade_Janeiro_2010 - page 32

R E V I S T A D A E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2010
32
inclusão da dimen-
são social, apartir da
percepção da neces-
sidade de melhorar
as condições de vida
da população (surgi-
mento do Estado de
Bem-Estar Social).
da abertura do evento, a ideia de
sustentabilidade alinha-se às vá-
rias formas pelas quais ao longo
da história diferentes sociedades
pensaram um futuromelhor. Seria,
por esse prisma, a bola da vez, fato
reforçado pelo colapso da experi-
ência socialista que fez com que
muitos pensadores embarcassem
na ideia da sustentabilidade (ou
do desenvolvimento sustentável,
comoveremos a seguir), comouma
fórmulaplausível edesejável.Como
acontececom todautopia, a susten-
tabilidade suscitaadicotomiaentre
o falar e o fazer. Nesse sentido, o
pesquisador Carlos AlbertoArruda,
da Fundação Dom Cabral, trouxe
dados de pesquisa realizada pelo
MIT
2
queevidenciamadiscrepância
entreodiscursoeapráticaempresa-
rial, corroboradospor levantamento
feitonoBrasil, que indicam índices
de92%a100% relativos à inclusão
do tema sustentabilidade entre os
objetivos estratégicos corporativos,
contra 30% de empresas que de-
claram ter convertido o tema em
processos e sistemas. A mudança
desses números envolve, contudo,
como lembra Arruda, a superação
da dicotomia desenvolvimento
ou sustentabilidade; algo que não
está resolvido do ponto de vista da
análise econômica e que coloca as
empresas na incômoda situação de
falar de sustentabilidade, sem ter
condições para aplicá-la. A dimi-
nuição da diferença entre o falar e
o fazerpassaaindapeladiscussãoa
respeito do que deve ser feito, des-
tacandoasdiferençasentreprojetos
distintos agrupados sob rubricas
como “desenvolvimento sustentá-
vel” ou “promoçãoda cidadania”.
Dequedesenvolvimen-
to estamos falando?
Marcel Bursztyn e José Augusto
Drummond (2009), associam a
noção de sustentabilidade às pre-
ocupações sistemáticas com o
desenvolvimento. “Sustentável” é,
por esse prisma, uma entre várias
palavras ou expressões cunhadas
para indicar direções para odesen-
volvimento, tais como “integrado”,
“social” e “territorial”. Lembram,
nesse sentido, que nos últimos três
séculos forampriorizadososseguin-
tes eixos para busca dodesenvolvi-
mento (vide figura 1).
Os autores destacam que em pou-
co mais de 20 anos o conceito
espalhou-se nos âmbitos público
e privado, sensibilizou a mídia e
alcançou impacto e legitimidade
na academia, propagando-se como
tema de interesse e área interdis-
ciplinar. O conceito deslocou-se
da filantropia, entendida como
atividade periférica, até chegar ao
core business das empresas, asso-
ciado à ideia de desenvolvimento
econômico, ambiental e social,
relacionando-se,dessa forma,àpro-
moçãodacidadania.Algoque torna
a discussão ainda mais complexa,
uma vez que o conceito de cida-
dania envolve questões políticas,
incompatíveis, emprincípio, coma
dinâmica empresarial.
Dequecidadania
estamos falando?
Autores como Maria Célia Paoli
(2005), entre outros, enfatizam
uma concepção de cidadania fun-
damentada em direitos e associada
à ampliação da noção de política,
reconhecendo heterogeneidade de
atores, práticas e temas. Por outro
lado, como aponta o professor
Boaventura Souza Santos (2001),
SÉCULO
XIX
SÉCULO
XX
SÉCULO
XXI
foconaaceleraçãoda
produçãoeprodutivi-
dadeeconômicas.
percepção da dimen-
são ambiental como
indissociável da eco-
nômica e social, dian-
te dos limites que o
planeta oferece para a
expansãodaprodução
eestilosdevidaatuais.
Ideiaquesecristalizou
no conceitode desen-
volvimentosustentável.
Jupiterimages
Figura 1
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