R e v i s t a d a E S P M –
maio
/
junho
de
2009
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Diversidade
linguística
de ensinode línguas, concessãode
bolsas de estudo para professores
de língua etc.
Erasmus – desde 1987 promove a mobi-
lidade de estudantes e professores vincu-
lados a instituições de educação superior
europeias no âmbito dos países europeus;
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Comenius – promove a mobilidade de
estudantes, professores e administrativo
do ensino fundamental e médio entre os
países europeus;
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Língua – contribui para a promoção
do ensino e da aprendizagem de línguas
entre os estudantes europeus nos países
da União Europeia;
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LeonardodaVinci – financia a mobi-
lidade transnacional a estudantes e profis-
sionais europeus interessados em formação
profissional, desenvolvimento de novas
expertise
e melhores práticas profissionais
em instituições europeias;
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Tempus–desde1990promoveamobilida-
de transeuropeia de acadêmicos do ensino
superiorentre27países situadosnas regiões
da Europa de Leste, Ásia Central, África do
Norte eOrienteMédio.
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Tanto a política quanto as ações
em curso estão subordinadas a um
princípio coletivamente estabeleci-
do:
unidos nadiversidade
.Mas esta
unidade inclui os europeus eexclui
onão-europeu, entãonão seriauma
políticadeafirmação?Entusiastado
esforçodaUEpor umaEuropamul-
tilingue, Anthony Giddens adverte
queoêxitodeprojetos calcados no
multilinguismo depende da legiti-
midade alcançada por meio da via
intelectual e organizativa, materia-
lizada com o uso efetivo de várias
línguas nas atividades pedagógicas
ligadas ao ensino, à produção e
difusão de conhecimento. Em suas
palavras, “só pode haver diálogo e
intercâmbio se houver um respeito
profundoentrecolegas” (GIDDENS,
1996, p.127). Na mesma direção,
Immanuel Wallerstein conclui o
livro
Para abrir as ciências sociais
(1996, p.141), aprovandoo esforço
da UE de aproximar as universida-
des da região com a implantação
de programas de intercâmbio e de
incentivoanovosprojetosde inves-
tigaçãodeâmbitopan-europeu.Para
o Autor, tal esforço corresponde a
uma resposta criativa à questão da
multiplicidadede línguasutilizadas
noambienteacadêmiconaexpecta-
tivadequeas soluções encontradas
possamcontribuirparaa restauração
da riqueza linguística própria às
ciências sociais. Quem sabe, im-
buídos desse espírito se ultrapasse
a ideia de que omérito acadêmico
está concentrado em poucos au-
tores, países e línguas e Caetano
Veloso tenha que reescrever versos
admitindoquebrasileirosealemães,
por exemplo, tantopodemfilosofar
quanto fazercanções–“sevocê tem
uma ideia incrível é melhor fazer
uma canção, está provadoque só é
possível filosofar em alemão”.
Comapreocupaçãodemonitorar o
impactodaspolíticaseaçõesorien-
tadasparaoestímulodadiversidade
cultural e do diálogo intercultural,
o comitê de educação e cultura da
Comissão Europeia desenvolveu
um levantamento –
Enquête euro-
baromètre sur les valeurs culturelles
en Europe
– cujos resultados foram
publicados em setembro de 2007.
Osdados relativos ao interessepela
língua e pelo diálogo intercultural
chamam,particularmente,aatenção
quando é impossível desconsiderar
a política de
imigração selecionada
adotada por diversos países euro-
peusoua tolerânciaaoqueFrancine
Blanche (apud PIOT, 2008, p.15),
nomeiade
escravidãomoderna
(ou
seja,
trabalhadores sem documen-
tos
).Particularmente,quandose leva
em conta que omodelo de desen-
volvimentoatéentãoadotadogerou
sociedades multiculturais – como
negar a importância da presença
dos indianos na hierarquia ocupa-
cional da Inglaterra, ou dos turcos
naAlemanha, oudos portugueses e
argelinos na França?
De toda maneira, quando interro-
gados sobrea importânciaexercida
pela cultura e diálogo intercultural
muito mais de três quartos dos
respondentes (89%) afirmaram que
a cultura e as trocas culturaismere-
cem ocupar espaço preponderante
naEUnamedidaemquepermitem
aos cidadãos de diferentes Estados-
membros se conheceremmelhor e
partilharem do sentimento de ser
europeu – contudo, os contatos
transnacionais ocorrem de forma
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MarcoMichelini