Marco_2009 - page 74

Temos de inventar uma utopia viável
R e v i s t a d a E S P M –
março
/
abril
de
2009
74
AlphonsusGabrielCapone
aos desafios demutação que nossa
sociedade impõe no decorrer da
vida. Emais– isso tambémé sabido:
cadavezmais, asdisciplinas interfe-
remumas nas outras.Apessoa difi-
cilmenteéumacoisa só. Ela temde
dominar mais do que uma técnica
ou uma área, para poder produzir
alguma coisa de nova.
O que significa hoje ser Geneticis-
ta? É um pouco um estatístico. E o
queéumestatístico?Às vezes éum
matemático. E por aí vai. Genética,
emgrandemedida,éprobabilidade;
é estatística. No tempo em que eu
estudava, estatística era uma dis-
ciplina à parte: servia para medir
certas coisas. E tinhaumproblema,
que eununca consegui resolver – e
achoque vocês nem sabemporque
nunca precisaram fazer: resolver o
TeoremadaProbabilidade.A Equa-
ção da Probabilidade. Dificílimo, e
para nada serve.
Naquele tempo, tinha-se primeiro:
“qual anoçãogeral deestatística, o
queme garante namatemática que
eu possa imaginar que existe uma
probabilidade,equeeupossacalcu-
lar essa probabilidade”. Tenho que
matematicamente desenvolver um
jogo lógico, para mostrar a minha
possibilidade de fazer estatística.
Hoje, ninguémdiscute isso. Faz.
Esperoquevenhamosa terumacon-
cepçãodiferente da própria escola.
Com mais flexibilidade, para que
nos adequemos à flexibilização do
mundo,comodecorrênciademuitas
coisase–entreelas–as transforma-
ções tecnológicas,que têmumpeso
enormena redefiniçãodomodode
produzir, de viver etc.
Se issoéválidoparaaáreadoestudo,
émais complicado ainda na área da
política, na área do governo, e da
tomadadedecisões.Quer dizer: que
tipodegentevai sernecessáriaparao
futuro?Que tipode liderançapodeser
exercida, dequemaneiranomundo,
que é ummundomutável como é o
nosso?Atéquepontopoderá,ounão,
ser controlada?
Estamosvivendoummomentocurio-
so.Haviaumaespéciedecertezasobre
acapacidadequeos economistas, os
financistas, tinhamde fazermodelos.
Depreveroque iaacontecer.Eparece
quenadadissodeucerto.
Neste momento, volta-se a pensar
que o mundo tem riscos que são
calculáveis,mas também incertezas.
Oquedácerta força,outravezàhis-
tória, ao inesperado. Claroque esse
inesperadonãoé tão inesperadoas-
sim,masdequalquermaneira,oque
aconteceu–equeestamosassistindo
ainda e sofrendo as consequências
– é que, quando recuamos dois ou
três anos, ninguém ia imaginar que
a crise financeira pudesse tomar os
contornosque tomou.Ninguémpo-
dia imaginar–embora jásehouvesse
elementos bastante claros – de que
alguma coisa não ia funcionar e de
forma tãodesastrada...
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Omodelomáfiaestáultrapassado
porqueéumahierarquia.
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