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março/abrilde2014|

RevistadaESPM

147

a tributação para as várias matri-

zes. Isso faz com que o OTM seja

uma figura jurídica reconhecida

pelo Estado, mas a estrutura fis-

cal não permite que ele atue. É

uma miscelânea de tributos que

inviabiliza esse modelo.

Arna ldo –

Como o senhor vê a

nova modelagem de ferrovias no

Brasil? O governo pretende quebrar

a exclusividade de movimentação e

abrir espaço para que mais empresas

possam utilizar a malha ferroviária.

Urubatan –

O novo modelo prevê

que a Empresa de Planejamen-

to e Logística (EPL), que é uma

empresa pública, repasse toda a

comercialização da demanda por

transporte ferroviário para outra

estatal, a Valec. São tentativas

para melhorar o portfólio do trans-

porte ferroviário. Hoje, 80% da mo-

vimentação responde pelo miné-

rio, e outros 20%, pelo agronegócio

e atividades menores. Vejo como

uma boa iniciativa. Isso permite

que se comprem os serviços no

atacado para vendê-los no varejo

e pode motivar outros segmentos

econômicos a utilizar o transporte

ferroviário, que, sem dúvida, pre-

cisa aumentar sua participação na

matriz de transporte brasileira.

Arnaldo –

A dependência excessiva

de rodovias não é um entrave ao de-

senvolvimento da logística no Brasil?

Urubatan –

Muito embora o país

leve a pecha de ser rodoviarista,

isso não é bem verdade. Existe

uma fórmula internacional que de-

termina o peso de cada matriz de

transporte sobre o Produto Interno

Bruto. Dos 20 maiores PIBs mun-

diais, o Brasil está em vigésimo

lugar em transporte rodoviário e

em 17º no ferroviário. Na Europa,

95% da carga são transportados

por rodovias. Já os Estados Unidos,

que são um país continental, têm

sua matriz mais bem dividida, mas

ainda assim o rodoviarismo em

relação ao PIB é maior do que aqui.

No Brasil, o peso da matriz rodovi-

ária sobre o PIB é de 62%, enquanto

nos Estados Unidos chega a 70%. O

que precisamos é de uma expan-

são na infraestrutura de transpor-

tes como um todo.

Arnaldo –

Nesse sentido, outro

problema grave são as moderniza-

ções dos portos, que têm encontrado

diversos entraves no Congresso para

abrir novos investimentos privados.

Urubatan –

O governo demorou

muito para dar um norte a esse

assunto. Fundamentalmente, o

que precisamos hoje é mudar os

retroportos. O porto de Santos pre-

cisa imediatamente subir para São

Paulo. Com a construção do tramo

leste e do tramo norte do rodoanel,

nós precisaríamos de uma área de

três milhões de metros quadrados

para movimentação de carga, ga-

rantindo que o agendamento nos

portos fosse feito aqui em cima.

Isso liberaria a área do retroporto

de Santos, e seria possível fazer as

modernizações que são necessá-

rias no terminal. Dessa forma, nós

finalmente poderíamos desafogar

as rodovias. É assim que acontece

no mundo inteiro. Mas como fun-

ciona no Brasil? Em Paranaguá, o

retroporto fica no acostamento da

rodovia; em Santos, na Piaçague-

ra-Guarujá ou na Via Anchieta.

Arnaldo –

Os empresários se quei-

xam de falta de segurança jurídica

para fazer os investimentos.

Urubatan –

O problema dos por-

tos tem dois vieses. De um lado,

são os investimentos e, do outro,

a questão política, porque a estiva

e o modelo de capatazia que ocor-

rem nos portos são os mesmos da

década de 1950, e isso precisa ser

equacionado.

Arnaldo –

A Braspress é uma das

maiores empresas de logística rodo-

viária do Brasil. Qual é o porte da

empresa hoje?

Urubatan –

Hoje, temos 108 fi-

liais no Brasil inteiro. São 6,1 mil

funcionários, quase dois mil ca-

minhões próprios, e fazemos cerca

de 70 mil entregas por dia. No ano

passado, geramos um faturamento

próximo de R$ 900 milhões. Além

da Braspress, que é uma operadora

de carga expressa apenas para o

Opeso damatriz rodoviária sobre o PIBbrasileiro

é de 62%, enquanto nos Estados Unidos chega a

70%. Oque precisamos é de uma expansão na

infraestrutura de transportes como um todo