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entrevista | Urubatan Helou

Revista da ESPM

|março/abril de 2014

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mercado B2B, nós temos a Aero-

press, operadora de carga aérea

que interliga os principais aero-

portos do país com as malhas ro-

doviárias urbanas. Temos também

a Braspress Logística, que oferece

soluções baseadas em tecnologia,

cobrindo toda a cadeia logística.

Arnaldo –

A Braspress se destaca

no cenário logístico brasileiro pelo

investimento contínuo em tecnologia.

Quais são as principais plataformas

em operação na companhia hoje?

Urubatan –

A nossa prestação de

serviço é como um jogo de Lego.

Ela começa em São Paulo e termi-

na no Chuí. Vai do Oiapoque a Sal-

vador. São operações interconec-

táveis e, para manter a eficiência,

é fundamental ter tecnologia. Se

você fizer uma analogia com uma

empresa de aviação ou de ônibus,

assim como nós, o negócio delas

é transportar coisas. Só que essas

coisas são pessoas, que falam o

que querem. Dizem para onde vão.

O nosso passageiro não tem boca,

mas ele também precisa se comu-

nicar de alguma forma. Ele precisa

dizer ao operador de onde ele vem

e para onde está indo. Isso só pode

ser feito com uma tecnologia com-

plexa, em tempo real. O cliente

quer saber passo a passo onde está

a carga dele, porque ela é dinheiro

em movimento. É daí que vem toda

a gama de tecnologias de rastrea-

mento de volumes. Paralelo a ela,

há a tecnologia da movimentação

de materiais, o sorter, equipamen-

to que recebe as encomendas e

separa através de esteiras os pedi-

dos para os destinos corretos. Nós

buscamos essa tecnologia fora. Ela

não existia no Brasil pela falta de

volume de negócios em logística.

Acontece que o país cresceu e sur-

giu a oportunidade de gerar mais

escala. Foi o que fizemos em 2004.

No terminal de São Paulo, che-

gamos a movimentar até 120 mil

volumes num só dia. É impossível

fazer isso manualmente.

Arnaldo –

Qual é o seu investimen-

to anual em tecnologia?

Urubatan –

Já chegamos a investir

7% do orçamento anual em tecno-

logia. Hoje, estamos trabalhando

com algo em torno de 3,5%.

Arnaldo –

E qual é a amortização

desse investimento? Leva muito tem-

po para que esse esforço dê retorno

de fato?

Urubatan –

Em função da nossa

tecnologia na área de movimen-

tação de materiais, criamos um

descolamento dos nossos con-

correntes. Acabamos nos trans-

formando na maior operadora de

carga expressa B2B. Ela dá retorno

imediato, só que tem um ponto:

bastou estar implementada para

já ficar defasada. É preciso investi-

mento constante.

Arnaldo –

Há quanto tempo o se-

nhor possui a Aeropress?

Urubatan –

Nós abrimos a empre-

sa em 1984. A Aeropress é a nossa

ferramenta para dar esse salto na

oferta de serviços em logística, o

que só não aconteceu pela falta de

infraestrutura do país.

Arnaldo –

As reformas nos aeropor-

tos regionais e concessões nos gran-

des terminais aéreos têm sido uma

das áreas em que o governo mais

está se empenhando nos últimos

anos. Como o senhor vê o crescimen-

to da malha aérea no Brasil?

Urubatan –

Para funcionar, essa

malha depende de que a economia

brasileira se torne mais diversifi-

cada e interiorizada. O transporte

aéreo acontece nos Estados Unidos

de maneira eficiente porque há um

fluxo equilibrado. No Brasil não

há esse equilíbrio, salvo no eixo

Manaus-Sul. Se você pegar o eixo

Sul-Nordeste, por exemplo, só há

fluxo na ida. Com a interiorização,

nós conseguiremos consolidar o

transporte aéreo, com uma redu-

ção de custos que o torne viável do

ponto de vista competitivo. Hoje,

as empresas pagam o frete de ida

e de volta pela mesma mercadoria,

porque o avião volta batendo lata.

O Brasil, por suas dimensões, tem

uma vocação para esse modal, mas

o aéreo responde apenas por 1,8%

da matriz de transporte. É pouco!

Não existe jantar de graça. De umamaneira ou de

outra o custo do frete é repassado ao consumidor.

Mas existe uma tendência de frete grátis nomercado,

porque o cliente tende a pagarmais por informações