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entrevista | Urubatan Helou

Revista da ESPM

|março/abril de 2014

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Arnaldo –

Com base nos levanta-

mentos da NTC&Logística, qual é o

nível de maturidade dos operadores

logísticos no Brasil em termos de

processos, gestão e tecnologia?

Urubatan –

O Brasil está vivendo

a sua puberdade na atividade logís-

tica. Ela não acontece por osmose:

a logística é subproduto da ativi-

dade econômica. Hoje nós somos

a sexta ou sétima maior econo-

mia do mundo e constituímos um

ambiente de negócios bastante

complexo. São serviços financei-

ros, indúst ria e comércio bem

sofisticados. E notadamente temos

o agronegócio, que é a principal

atividade do país. Até certo ponto,

a logística acompanhou essa evo-

lução, só que esbarrou na ausência

de infraestrutura. Somos a sexta

maior economia, mas não estamos

entre as 60 maiores nações com

infraestrutura para suportar a sua

economia. Isso é um entrave que

atrapalha o desenvolvimento. Por

outro lado, essa ausência acaba se

transformando em uma oportuni-

dade de negócios. Onde há mais

oportunidades na logística, nos

Estados Unidos, na Europa ou no

Brasil? Aqui, porque no exterior a

maior parte dos projetos básicos já

foram realizados. Isso abre prece-

dente para que a iniciativa privada

ou o Estado, através de PPPs ou

com recursos próprios, possa reali-

zar esses investimentos. Basta ter

vontade política.

Arnaldo –

Atuando no setor de

transporte de carga desde 1977, com

a Braspress, que nota o senhor daria

para as estradas brasileiras? Onde a

situação é mais grave?

Urubatan –

Temos três tipos de

estrada no Brasil: aquelas que não

são pedagiadas e não oferecem

segurança mín ima, pois estão

absolutamente degradadas; outro

grupo é composto por vias priva-

tizadas há tempos pelo governo

federal e que permitem uma certa

trafegabilidade com razoável cus-

to; e as rodovias privatizadas pelo

governo do estado de São Paulo,

que são as melhores do Brasil. São

excepcionais, mas o custo de trafe-

gabilidade inviabiliza a atividade

econômica. Este é um dos gran-

des entraves ao desenvolvimento

econômico do estado. O preço das

estradas acaba afastando daqui as

principais indústrias.

Arnaldo –

Como o senhor vê hoje o

impacto fiscal na movimentação de

cargas no Brasil?

Urubatan –

Isso é um desastre,

porque as divisas de estados hoje

funcionam como verdadeiras adu-

anas. O Brasil é uma república

federativa de mentirinha. Temos

dificuldade em atravessar nossas

próprias divisas. A guerra fiscal e

a competição entre os estados cau-

sam um impacto enorme nos cus-

tos do setor de logística. As opera-

doras de transporte se submetem

a ficar com veículos parados nas

aduanas e até manter a mercadoria

como fiel depositária sem contra-

partida de remuneração. Alguns

Estados fazem com que os opera-

dores sejam verdadeiros coletores

de impostos. Por outro lado, como

brasileiro, eu fico feliz. Porque o

fato de haver a guerra fiscal em

alguns Estados permite a redução

de impostos em determinados pro-

dutos, o que é um benefício para o

consumidor. Precisamos de uma

reforma tributária nos campos

estaduais, onde o Imposto sobre

Circulação de Mercadorias e Ser-

viços (ICMS) possa ser substituído

por um Imposto de Valor Agregado

(IVA), com alíquotas padronizadas

por produtos em nível nacional.

Arnaldo –

A NTC&Logística bate

muito na tecla da multimodalidade

como uma solução para baratear o

custo de transporte no Brasil. Mas

parece que pouco está sendo feito

nesse sentido. O senhor concorda?

Urubatan –

A multimodalidade

não está acontecendo e não vai

acontecer tão cedo. Nós temos a

figura do Operador de Transporte

Mu ltimoda l (OTM), que não se

desenvolveu porque as alíquotas

de impostos são diferentes para

cada tipo de transporte. E como

o OTM prevê a emissão de um

único documento para todas as

modalidades, não há como fazer

Onde hámais oportunidades na logística,

nos Estados Unidos, na Europa ou no Brasil?

Aqui, porque no exterior amaior parte dos

projetos básicos já foi realizada