Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  149 / 184 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 149 / 184 Next Page
Page Background

março/abrilde2014|

RevistadaESPM

149

Arnaldo –

A Braspress possui gran-

de participação no segmento B2B,

principalmente em setores como

automotivo e eletroeletrônico. Como

o senhor avalia o crescimento do

comércio eletrônico. É um mercado

atrativo para a empresa?

Urubat an –

É uma tendência

importante de mercado. Estamos

obser vando com atenção esse

setor, que cresce a taxas mais do

que chinesas. Hoje, a Braspress

não possu i nenhum cliente de

comércio eletrônico. Ainda não é

o momento de entrar, porque falta

um amadurecimento do mercado.

No meu entender, as empresas de

comércio eletrônico no Brasil são

inidôneas. Elas não têm tecnolo-

gia, fabricam “vendas” e não estão

dispostas a pagar uma remunera-

ção adequada ao transportador.

Hoje, temos três empresas que

operam no comércio eletrônico no

Brasil: os Correios, que são uma

companhia chapa branca; a Total

Express e a Direct, que ainda são

pequenas, porque não atingiram

um grau de desenvolvimento jus-

tamente porque os seus clientes,

os operadores de comércio eletrô-

nico, não representam empresas

maduras.

Arnaldo –

O e-commerce vem im-

pondo uma cultura de frete grátis.

Como o senhor vê esta tendência do

ponto de vista do transportador?

Urubatan –

Não existe jantar de

graça. De uma maneira ou de ou-

tra, o custo do frete é repassado

ao consumidor. Mas existe uma

tendência de frete grátis no mer-

cado, porque o nosso cliente tende

a pagar cada vez mais por infor-

mações do que pelo transporte em

si. Ou seja, a nossa remuneração

dependerá cada vez menos do fre-

te e mais dos serviços agregados.

Para as empresas, torna-se cada

vez mais relevante acompanhar a

carga, saber onde ela está e quando

vai chegar ao destino.

Arnaldo –

Como estão a questão

da mão de obra e a formação de lide-

ranças na área de logística? Estamos

muito atrasados em termos de capa-

citação profissional?

Urubatan –

Na década de 1930,

quando o pa ís passou de uma

economia essencialmente agrí-

cola para a indústria, apareceu

um cidadão chamado Roberto Si-

monsen (político e grande indus-

trial) e criou o chamado Sistema

S. Ele pegou o sujeito que estava

lá na lavoura e capacitou esse

trabalhador no Senai para atuar

na i ndúst ria . O que está acon-

tecendo hoje na logística, como

efeito do desenvolvimento eco-

nômico, é a falta de mão de obra

especializada nesta área. Porém,

o Sest Senat (Serviço Social do

Transpor te e Ser v iço Naciona l

de Aprendizagem do Transporte)

vem fazendo um t raba l ho im-

portante na formação de novos

profissionais. Recentemente, fez

também uma parceria com a Fun-

dação Dom Cabra l para formar

doutores na área de transportes.

O Ses t Senat es t á i nves t i ndo

ainda na formação de motorista

e acaba de trazer 70 simuladores

para fazer esse treinamento. Isso

não acontece na velocidade que

precisamos, mas são iniciativas

f undamentais para suprir essa

demanda do mercado.

Arnaldo –

Voltando à questão da

liderança, falta visão das universida-

des e das próprias Fatecs em oferecer

mais cursos ligados à logística?

Urubatan –

Sem dúvida, há muito

espaço para formação. Tanto que

hoje boa parte das lideranças é

gente forjada dentro das próprias

empresas, que veio de baixo e foi

crescendo junto com os negócios.

O perfil dos executivos é muito

mais autodidata do que de técni-

cos especializados ou com forma-

ção superior.

Arnaldo –

Isso não limita a troca

de informações e boas práticas no

mercado?

Urubatan –

É negativo na medida

em que não há tecnicidade na ati-

vidade logística. A universidade

vem para preencher essa lacuna.

O ritmo ainda é lento, mas está

acontecendo.

Ocliente quer saber passo a passo onde está

a carga dele, porque ela é dinheiro emmovimento.

Édaí que vem toda a gama de tecnologias de

rastreamento de volumes