março/abrilde2014|
RevistadaESPM
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Arnaldo –
A Braspress possui gran-
de participação no segmento B2B,
principalmente em setores como
automotivo e eletroeletrônico. Como
o senhor avalia o crescimento do
comércio eletrônico. É um mercado
atrativo para a empresa?
Urubat an –
É uma tendência
importante de mercado. Estamos
obser vando com atenção esse
setor, que cresce a taxas mais do
que chinesas. Hoje, a Braspress
não possu i nenhum cliente de
comércio eletrônico. Ainda não é
o momento de entrar, porque falta
um amadurecimento do mercado.
No meu entender, as empresas de
comércio eletrônico no Brasil são
inidôneas. Elas não têm tecnolo-
gia, fabricam “vendas” e não estão
dispostas a pagar uma remunera-
ção adequada ao transportador.
Hoje, temos três empresas que
operam no comércio eletrônico no
Brasil: os Correios, que são uma
companhia chapa branca; a Total
Express e a Direct, que ainda são
pequenas, porque não atingiram
um grau de desenvolvimento jus-
tamente porque os seus clientes,
os operadores de comércio eletrô-
nico, não representam empresas
maduras.
Arnaldo –
O e-commerce vem im-
pondo uma cultura de frete grátis.
Como o senhor vê esta tendência do
ponto de vista do transportador?
Urubatan –
Não existe jantar de
graça. De uma maneira ou de ou-
tra, o custo do frete é repassado
ao consumidor. Mas existe uma
tendência de frete grátis no mer-
cado, porque o nosso cliente tende
a pagar cada vez mais por infor-
mações do que pelo transporte em
si. Ou seja, a nossa remuneração
dependerá cada vez menos do fre-
te e mais dos serviços agregados.
Para as empresas, torna-se cada
vez mais relevante acompanhar a
carga, saber onde ela está e quando
vai chegar ao destino.
Arnaldo –
Como estão a questão
da mão de obra e a formação de lide-
ranças na área de logística? Estamos
muito atrasados em termos de capa-
citação profissional?
Urubatan –
Na década de 1930,
quando o pa ís passou de uma
economia essencialmente agrí-
cola para a indústria, apareceu
um cidadão chamado Roberto Si-
monsen (político e grande indus-
trial) e criou o chamado Sistema
S. Ele pegou o sujeito que estava
lá na lavoura e capacitou esse
trabalhador no Senai para atuar
na i ndúst ria . O que está acon-
tecendo hoje na logística, como
efeito do desenvolvimento eco-
nômico, é a falta de mão de obra
especializada nesta área. Porém,
o Sest Senat (Serviço Social do
Transpor te e Ser v iço Naciona l
de Aprendizagem do Transporte)
vem fazendo um t raba l ho im-
portante na formação de novos
profissionais. Recentemente, fez
também uma parceria com a Fun-
dação Dom Cabra l para formar
doutores na área de transportes.
O Ses t Senat es t á i nves t i ndo
ainda na formação de motorista
e acaba de trazer 70 simuladores
para fazer esse treinamento. Isso
não acontece na velocidade que
precisamos, mas são iniciativas
f undamentais para suprir essa
demanda do mercado.
Arnaldo –
Voltando à questão da
liderança, falta visão das universida-
des e das próprias Fatecs em oferecer
mais cursos ligados à logística?
Urubatan –
Sem dúvida, há muito
espaço para formação. Tanto que
hoje boa parte das lideranças é
gente forjada dentro das próprias
empresas, que veio de baixo e foi
crescendo junto com os negócios.
O perfil dos executivos é muito
mais autodidata do que de técni-
cos especializados ou com forma-
ção superior.
Arnaldo –
Isso não limita a troca
de informações e boas práticas no
mercado?
Urubatan –
É negativo na medida
em que não há tecnicidade na ati-
vidade logística. A universidade
vem para preencher essa lacuna.
O ritmo ainda é lento, mas está
acontecendo.
Ocliente quer saber passo a passo onde está
a carga dele, porque ela é dinheiro emmovimento.
Édaí que vem toda a gama de tecnologias de
rastreamento de volumes