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Branding

Revista da ESPM

| janeiro/fevereirode 2014

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forma estamos contribuindo para ajudar a formar seres

humanosmelhores, uma sociedademelhor, enfim, se é

nessa direção que acreditamos estar o futuro que dese-

jamos para as próximas gerações.

Essas são questões fundamentais a qualquer plano

estratégico de marca que esteja consciente de sua res-

ponsabilidade na transmissão de valores. Marcas obvia-

mente têmde comunicar para defender ou expandir seu

market share

. Só não deveriam ignorar que, queiram ou

não, sempre quando comunicarem farão mais do que

apenas perseguir seus intentos comerciais.

Ao longo do século passado, as empresas ganharam

protagonismo cada vezmaior, na economia, na política

e na questão ambiental. O peso de uma empresa como

a Samsung no PIB da Coreia é umexemplo do poder que

algumas empresas passaram a ter na vida das nações.

Sendo assim, esperaríamos que as marcas passassem

a falar desde uma visão análoga à de estadistas. No

entanto, poucas marcas hoje enfrentam, na comunica-

ção, os grandes dilemas e problemas da atualidade, com

os quais se debatemseus consumidores. Então, asmar-

cas dessas empresas tão poderosas nada têm a dizer, a

propor, nem um pensamento a alumiar a perplexidade

de seu público?

Quando no período da Guerra do Vietnã a Coca-Cola

pôs no ar um comercial em que jovens de diferentes

etnias cantavam juntos pela paz, ela ousou dizer em30

segundos

coast-to-coast

o que contrariava o

establish-

ment

. Os americanos que se identificaram com a men-

sagem, aqueles que discordaram, todos souberam que

essamarca afirmou sua crença numa hora grave da his-

tória. Grandes gestos é que revelamas grandesmarcas.

Hoje o consumidor estámais consciente da responsa-

bilidade econômica, social e ambiental das empresas, e

cada vezmenos propenso a aceitar o silêncioda omissão.

Oque asmarcas não dizem, estronda eloquente. Quem

não diz, fala altono que cala. As redes sociais estão vivas

e atentas. Nelas todos podemcobrar. Um

post

éobastante

para estremecer pregões nas bolsas de valores mundo

afora. Os consumidores que cresceramon-line vão cada

vez mais deletar as marcas avestruz, aquelas que ante

uma “tormenta” se calamcomo se nada estivesse acon-

tecendo, enquanto gastammilhões de reais em comer-

ciais que algumas vezes se resumem a um exercício de

autoglorificação. “Ei acorda, você está vivendo onde,

em Marte?”, é o que essa garotada desabrida vai dizer

ao perceber que uma marca poderosa foge das grandes

questões do nosso tempo. A contagemregressiva já está

em curso. O consumidor está se tornando mais crítico,

não vai demorar a cobrar uma comunicação responsá-

vel, consciente, veraz e capaz demanter uma interlocu-

ção corajosa com as questões da atualidade. As marcas

precisamassumir a responsabilidade de pensar o que é

relevante para o consumidor e saber como responder.

No Japão, umacidente de carro causado por ummoto-

rista alcoolizado vitimou uma família. Uma célebre

indústria lançou em seguida uma bebida cujo sabor

era inspirado emcerveja, sementretanto pretender ser

uma cerveja sem álcool. A bebida se chamava

Mu

, que

significa Nada (conceito central nametafísica budista).

A comunicação falava não apenas de “nenhum teor de

álcool”, mas de nenhum descuido com a vida humana

que é sagrada. A bebida foi um sucesso. Os concorren-

tes se esforçarampara entender essa receita de sucesso.

Os japoneses queriamafirmar emgestos o seu repúdio à

irresponsabilidade que originara a tragédia, e a indústria

soube responder oferecendo a oportunidade. Um fato do

cotidiano inspira uma inovação de produto, num país

Nas horas livres, o on-line exerce

seu poder de fascínio e resta cada

vezmenos espaço no cotidiano das

famílias ao diálogo sobre os valores

Comercial de 1976 do extinto cigarroVilaRica, que deu

origemà famosa Lei deGerson, coma frase que não se quer

esquecida: ”Gosto de levar vantagememtudo, certo?”

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