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maio/junhode2014|

RevistadaESPM

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Nãoseconstróiapaz

comestômagosvazios

Por Arnaldo Comin

Foto: Divulgação

E

nquanto o setor de serviços cresce como nunca, a agricultura, base da econo-

mia desde os tempos do Brasil colônia, impressiona pela robustez e recordes

seguidos de produtividade. No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB)

agrícola superou pela primeira vez a marca de R$ 1 trilhão, representando

uma fatia de 23% de todas as riquezas geradas no país.

Nas últimas quatro décadas, o agronegócio se consolidou como a outra face damoeda de

um Brasil mais moderno e urbano, com capacidade de inovação e absorção de tecnologia.

No campo, essa realidade é ainda mais evidente, no momento em que o país se posiciona

como a próxima grande potênciamundial na agricultura, superando pouco a pouco a hege-

monia conquistada pelos Estados Unidos no século 20.

Professor de nutrição mineral de plantas da Escola Superior de Agricultura Luiz de

Queiroz (Esalq), em Piracicaba (SP), ex-vice-reitor da Universidade de São Paulo (USP) e

ex-diretor-presidente da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq), Antonio

Roque Dechen é testemunha viva da “revolução verde” liderada pelo Brasil nos anos de

1970. Engenheiro agrônomo formado em 1973, ele lembra que não teve sequer uma aula

sobre soja emseu curso na USP, prova das transformações radicais no campo desde então.

Membro do Conselho Científico de Agricultura Sustentável (CCAS), um grupo de

notáveis que discute os caminhos do agronegócio brasileiro, Dechen comemora o fato

de que a moderna agricultura não dá mais espaço para práticas que no longo prazo irão

deteriorar omeio ambiente e pôr em risco os recursos de água e solo de que o país precisa

para continuar crescendo. Plantar tornou-se um negócio de alta tecnologia, capacitação

técnica e produtividade, aliado à preservação da Terra.

Para Dechen, o desafio que o Brasil enfrenta hoje é avançar na pesquisa científica, em

novas áreas como a biotecnologia, e gerar mais valor agregado à produção. Paralelamente,

é preciso levar mais estrutura e conhecimento aos pequenos produtores, que formam a

base da agricultura e têmpapel fundamental na qualidade de vida de toda a população.