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maio/junhode2014|

RevistadaESPM

131

emconjunto coma internet permitirama democratiza-

çãoda produção e comercializaçãodamúsica, reduzindo

drasticamenteos custosdeproduçãoedistribuição; além

de poder potencialmente vender emescalamundial sem

necessitar demeios físicos de distribuição. A digitaliza-

ção damúsica rompeu o sistema tradicional e vigente na

cadeia da indústria fonográfica desenvolvida ao longo

do século 20: a internet, a banda larga e as tecnologias

de compactação de arquivos trouxeram velocidade na

distribuiçãovirtual, desenvolvendoedisseminandouma

nova maneira de se relacionar com a música.

Omundo se tornou mais conectado, quase uma rede,

o que facilitou a transferência de conteúdos digitais de

uma pessoa para outra. A combinação entre progresso

tecnológico, digitalização e redes de computadores tem

sido umdesafio para as formas tradicionais de gestão da

propriedade intelectual.

Desenvolvido em1998, pelo universitário Shawn Fan-

ning, o siteNapster conseguia localizar e transferir arqui-

vos em“tempo real”, utilizando umciclo de retorno con-

tínuo que permitia aos usuários do sistema de pesquisa

mostrar e tornar acessíveis seus próprios arquivos nos

computadores locais. Usando arquivos de música com

códigoMP3, o site permitia a trocade arquivos demúsica

em apenas alguns minutos, sempagar nada por eles.

Em2001,mais de 36milhões depessoas constituíama

comunidade oficial doNapster, commais de 640mil pes-

soas utilizando o sistema a qualquermomento de forma

contínua, limitados apenas pelos recursos de rede. Logo,

oNapster provocou a ira da poderosaRecording Industry

Association of America (RIAA) e de artistas proeminen-

tes, tais como Metallica e Dr. Dre. O download de músi-

cas “ponto a ponto” no compartilhamento de arquivos

aumentou dramaticamente desde o advento doNapster,

em1998. Estima-se que, em2003,mais de três bilhões de

arquivosMP3 foram transferidos a cadamês.

Mesmo comtantos problemas legais enfrentados pelo

Napster, principalmentepelo seupioneirismona trocade

música digital, parte da população já havia incorporado

o uso demúsica digital em seus hábitos, como demons-

trou James K. Willcox, no artigoWhere have all the CDs

gone?, publicado na

Sound and Vision

, em junho de 2003.

É impossível permanecer passivonomeiode todo esse

movimento que mudou a forma como a música passou

a ser consumida, afetando até a cadeia de suprimentos.

Esses arquivos digitaisnãoprecisamdeumdiscodeplás-

tico e embalagem de acompanhamento, muito menos

de uma loja física cheia de clientes ou de vendedores.

Muitaspessoas, observandoonúmerodeparticipantes

do Napster, começaram a consumir música no conforto

da sua casa e com a facilidade de seus computadores, a

reduçãono tempodeaquisiçãoenopreçodecompra, con-

siderandoque essepreço era frequentemente zero (livre),

e ainda o aumento de sua coleção de música. Também é

Tabela 1 |

Divisão do valor do

preço final de um disco físico (CD)

Item

%

Valor (US$)

Direitos do artista

15

2,25

Direitos de publicação

5

0,75

Embalageme produção

5

0,75

Distribuição

5

0,75

Marketing e promoção

15

2,25

Custos da gravadora

20

3,00

Margemda gravadora

10

1,50

Custos do varejo

20

3,00

Margemdo varejo

5

0,75

Preço de venda

100

15,00

Fonte:

DavidByrne’ssurvivalstrategiesforemergingartistsandmegastars–

dezembrode2007

Tabela 2 |

Divisão do valor do

preço final de um disco digital

vendido no site iTunes, da Apple

Item

%

Valor (US$)

Direitos do artista

14

1,40

Direitos da gravadora

56

5,60

Margemda Apple

30

3,00

Preço de venda

100

10,00

Fonte:

DavidByrne’ssurvivalstrategiesforemergingartistsandmegastars–

dezembrode2007