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Tecnologia

Revista da ESPM

| setembro/outubrode 2014

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N

o Google X, laboratório onde se desenvol-

vem os projetos mais futuristas do Goo-

gle, uma ideia só avança se está na inter-

secção de três preceitos básicos: ataca

um grande problema; propõe uma solução radical de

larga escala; e representa uma nova tecnologia capaz

de romper as barreiras do que acreditamos ser possí-

vel. Seguindo esse conceito, o Google X criou carros

autônomos capazes de mudar o trânsito nas cidades,

computadores vestíveis que trazem novas formas de o

ser humano interagir com a tecnologia, como o Google

Glass, e uma rede de balões carregados pelas corren-

tes de ar da estratosfera e capaz de levar a internet às

regiões mais remotas do planeta, como o Projeto Loon.

Nem todas as companhias podem ter um Google X,

mas todas as que estão focadas na sustentabilidade de

seu negócio entendem a obrigatoriedade de implemen-

tação de projetos e processos que reflitam os desafios

e as oportunidades de ummundo que, em ritmo acele-

rado, passa por uma revolução digital que vem transfor-

mando as estruturas tradicionais de poder. Hoje, todas

as pessoas, de todas as classes sociais e profissões estão

mais poderosas. Esse empoderamento se dá por meio

do acesso à informação e ao conhecimento, que ganhou

uma escala inimaginável com a internet. Todo mundo

sabe mais: o consumidor, o eleitor, o jovem profissio-

nal, o estudante e assim por diante.

Em16 anos, o Google se transformou de uma ideia de

umgrupo de amigos, numa garagem, emumprojeto que

mudaria a forma de se usar a internet e, finalmente, em

uma empresa global de US$ 400 bilhões, com mais de

50 mil funcionários e centenas de milhões de usuários.

Muitas vezes me perguntam qual é o maior desafio do

Google hoje. Sem sombra de dúvida, é a certeza de que

existemmuitas garagens nomundo de onde virão novos

produtos inovadores que, na era digital, podemse trans-

formar emumnovoGoogle, numsimples piscar de olhos.

Essa realidade não nos assusta, como não deveria

assustar ninguém. No Google, nós amamos as “gara-

gens”. A inovação está no nosso DNA e garantir que o

empreendedorismo seja amarca da era digital faz parte

donossodia a dia. Aorganizaçãodas informações naweb

gerou muitas oportunidades para milhares de empre-

sas: a inovação é, de fato, um ecossistema que faz bem

para todos. O verdadeiro desafio das empresas, seja o

Google, seja uma escola, seja uma rede de supermerca-

dos, é nunca deixar o espírito de inovação esmorecer.

Em 2004, quando o Google abriu seu capital, os fun-

dadores, Sergey Brin e Larry Page, publicaram uma

carta no prospecto do IPO na qual estabeleceram um

dos princípios mais relevantes da nossa cultura: o

Google não é uma empresa tradicional e nunca pre-

tendeu ser. Alguns dos aspectos mais marcantes dessa

gestão, descolada da realidade, são o caos quase que

constante que força a empresa e todos os Googlers a

gostar de viver fora da zona de conforto e sentir uma

necessidade imensa de inovar: muitos dos nossos pro-

dutos commaior número de usuários — como o Gmail —

começaram como projetos “20%”, tempo que qualquer

OGoogleGlass apostano desenvolvimento de

computadores vestíveis que trazemnovas formas

do ser humano interagir coma tecnologia

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