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mercado de trabalho

Revista da ESPM

| setembro/outubrode 2014

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Apercepçãosobreavitóriadasmáquinasnomundodo

trabalho é antiga. Desde o século 18, antes dos “ludistas”,

esse medo já apareceu. O problema é a rapidez que esse

movimento alcançou nos últimos anos. Outros estudos

já apontavam a “conquista”, porém a pesquisa de Frey,

professor do departamento de engenharia e ciências e de

Osborne, pesquisadordoprogramade ImpactosdoFuturo

Tecnológico, comnovametodologia, definiumelhorquais

profissõesequais tarefasestãomaisoumenosprotegidas

dacomputadorização.Asquestõescentraisdessesdoispes-

quisadoresdeOxforderam,precisamente,omotivoeavelo-

cidadedessasubstituiçãodatarefahumanapelamáquina.

É claro que existe enorme resistência a essa subs-

tituição do trabalho humano. O “x” da história é que,

agora, a forma de lidar com essa resistência também

mudou. Pouco a pouco, porém, aumenta a percepção

desse “destino inevitável”. A questão já não é mais “se”

e sim “quando” isso irá acontecer.

Essamudançaatingiuaprópriaperspectivadaspesqui-

sas sobre as interfaces entre a realidade digital emundo

do trabalho. O que está claro é que, do ponto de vista da

tecnologia, ficacadavezmaisdefinidoque tipode “padro-

nização” técnica precisa ser alcançada para que essa ou

aquela tarefa humana seja substituída. Em outras pala-

vras: para a engenharia de computação tornam-se cada

vezmenores as tais barreiras intransponíveis. O que as

novas pesquisas domundo do trabalho fizeramfoi apro-

ximar visão sociológica do trabalho da queda das barrei-

ras técnicas para a substituição da função humana pela

máquina. A partir daí, começou a ser definida amétrica

de “substituição” para cada função.

A questão central é explicar esta “padronização téc-

nica” que empurra para a frente as conquistas da enge-

nharia de computação no mundo do trabalho. Afinal,

quais tarefas as máquinas estariam mais bem prepa-

radas ou poderiam substituir? Dois pesquisadores do

MIT, David H. Autor e Brendan Price, botaram o “dedo

na ferida” e perceberamque o importante era a ideia de

“rotina” embutida em parte considerável das tarefas

humanas. Esse estudo, divulgado em junho de 2013,

retomando pesquisas feitas por eles desde 2003, dividiu

o sentido de “rotina” em duas partes. Existem tarefas

rotineiras cognitivas, por exemplo, todas as atividades

de codificação ou classificação, ainda muito presentes

em escritórios ou serviços. E existem também tarefas

rotineirasmanuais, que estão emqualquer linha de pro-

dução. ParaAutor ePrice, a tecnologia estádeolhonessas

tarefas rotineiras: ela as assumirão, emalgummomento.

Daí, pormeradedução, acreditavamessespesquisado-

resdoMIT, queas tarefasnão rotineiras, asque requerem

solução de problemas, com intuição, persuasão e cria-

tividade, estariam protegidas pelas “qualidades” que a

automação não conseguiria ter. E quempensasse que só

advogado,médico, engenheiro, profissional demarketing,

oudesigner, por exemplo, precisavamdessas qualidades,

teria errado feio. Autor e Price alertampara o fato de que

preparar uma refeição ou arrumar um quarto de hotel

apresenta “desafios bemcomplexosparaaengenhariade

software”. Esse estudo estáno endereço: goo.gl/kA8V4m.

Essa barreira já caiu. A fronteira do conhecimento na

relação entre computação e tarefas humanas já mostra

quemesmo os empregos de não rotina, que pedemflexi-

bilidade, exigem capacidade de solução de problemas e

demandaminteraçãohumana, podemnão estar protegi-

dos dos avanços da robótica. O impacto do artigo de Frey

e Osborne, de Oxford, toca também nesse ponto: pode

esquecer essa proteção “mágica” da não rotina para que

uma tarefa humana não seja computadorizada.

Identificando a “padronização” da tarefa

OmétododospesquisadoresdeOxfordprivilegiavaoutro

tipo de exame da “natureza da tarefa humana”, identifi-

cando o desenvolvimento de algorítmicos capazes de

“assimilar e repetir” a padronização requerida para com-

pletar aquela tarefa. Na escala de substituição, as tarefas

rotineiras manuais foramsó as primeiras. As rotineiras

cognitivas, classificar, por exemplo, foramas seguintes.

Mas, com o avanço dos softwares, foi possível alcançar

quantidades cada vezmaiores de dados, “objetivos” para

que processos algorítmicos possamser produzidos.

Osaltodefinitivonaescaladodomíniodosdadosacon-

teceu com a chegada do

big data

, como mostraram Frey

e Osborne. Os avanços do Google Tradutor é um bom

exemplodousodo

big data

. Esse sistemanão traduzmais

47%das ocupações humanas poderão

ser automatizadas ematé umadécada.

Eesta velocidade pode aumentar se o

nível educacional subirmais rápido