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REV I STA DA ESPM–
J A N E I RO
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F E V E R E I RO
D E
2005
Compra
por Impulso
em etapas, podem ser caracterizados
comocomprapor impulso.
Tendoelucidadoabaseconceitual do
modelo, em etapas, e nossa afirma-
tiva do que seria a compra por im-
pulso, podemos discutir, brevemen-
te, sobreoconceitodebemde luxo.
OSBENSDELUXO
Textos antigos, remontando aos pri-
meiros sociólogos, já afirmavam
que, a identidadedohomem se afir-
ma pela sua propriedade privada.
Seus bens são seu modo de exis-
tência pessoal e, em conseqüên-
cia, sua vida essencial.
Avidanomodo“ter” foi amplamen-
te analisada por FROMM (1987).
Na busca de uma orientação e
participação num grupo, como
forma de diminuir as angústias da
existência, as pessoas seguem as
regras sociais dos grupos, que par-
ticipam, ou gostariam de participar.
Na sociedade ocidental capitalista,
uma das regras mais básicas para
“ser alguém” e participar de deter-
minados grupos consiste no com-
portamento de aquisição e exibição
de bens tangíveis, o que inclui o
imóvel.Ovalor deusoé substituído
pelo valor de posse e exibição.
ALLÉRÈS (2000) diz que a disposi-
çãoaoconsumodo luxovemdesde
a Idade Média, passando para a
burguesia em ascensão e daí para
os moradores das grandes cidades
capitalistas. O conceito de luxo pa-
ra estes autores significa possuir em
quantidade excessiva às neces-
sidades de uso, ou possuir algo que
transcenda sua utilidade de forma
supérflua. Um carro que não é uti-
lizado para transportemas para exi-
bição seria um exemplo de supér-
fluo. Veblen (apud SOLOMON,
1999), referindo-se ao consumo da
classe ociosa, comentava sobre o
consumo de luxo como forma de
destaque social. Veblen deixava
claroqueapossedeprodutoerauma
forma de competição, que separava
osmelhoresdosoutros.Ariquezados
bens elevava o sujeito a uma posi-
ção superior perante os outros. Os
palácios eramuma das formas dessa
competição.
Unindo estas afirmativas sobre bens
de luxo e as afirmativas anteriores
sobre compra por impulso, o consu-
mo de luxo pode ocorrer nas socie-
dades industriais contemporâneas
quandoosensodecritériosadequados
à situaçãodo sujeitoemesmoàética
se confunde com as regras e normas
degrupossociais.Emoutraspalavras,
o sujeito deixa de considerar aquilo
que é importante conforme sua vida
e suas experiências eadotaoutrocó-
digo de interpretação da realidade,
baseado nos preceitos sociais. Des-
sa maneira surgem necessidades
humanas artificialmente produzidas
e produtos para satisfazê-las. Legi-
timadas pelo social e pelo sujeito,
estas necessidades se transformam
em “necessidades da vida presente”.
No caso do nosso sujeito, a compra
de uma cobertura não estava am-
parada em necessidades da vida
cotidiana, mas em signos sociais
sobreoque significaapossedeuma
“cobertura”. Entre outros sinais
sociais, uma cobertura significa
sucesso profissional e pessoal, dife-
rença em relação aos outros mora-
doresdomesmoprédioeprivacidade.
ALLÉRÈS (2000) colocaque
adisposição ao consumodo
luxovemdesdea IdadeMédia,
passando para a burguesia
emascensãoedaí paraos
moradores das grandes cidades
capitalistas.Oconceitode luxo
paraestesautoressignifica
possuir emquantidade
excessivaàsnecessidades
deuso, oupossuir algoque
transcendesuautilidade
de formasupérflua.
Fotos: Corbis/Stockphotos
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