janeiro
/
fevereiro
de
2010 – R E V I S T A D A E S P M
63
Heni
Ozi Cukier
Fazendoumacorrelaçãocomoutro
estudo, daONG inglesa Internatio-
nalAlert,queanalisaa relaçãoentre
mudança climática, guerra e paz,
ficaevidentequeospaísesquemais
sofrerão são exatamente os Estados
jádebilitados.Omesmoestudocita
que 46 países, um em cada quatro
países domundo, sofrem alto risco
de serem vítimas de um conflito ar-
madodevido àmudança climática.
Em Darfur, região do Sudão, as
mudanças do clima podem estar
por trásda secaquecontribuiupara
o conflito que já matou mais de
300.000pessoas.Outroexemplode
paísaltamenteafetadoéoPaquistão.
Grande parte da irrigação agrícola
do país depende de rios que nas-
cemna regiãodaKashimiraondeo
conflitocoma Índiaexistehámais
de 60 anos. O destino da região
serádeterminadopelos glaciais do
Himalaia, pois sãoesses que regu-
lam o fluxo de água para os rios
da região.As estimativas apontam
queos glaciaispodemdesaparecer
até 2035, o que provocaria um
agravamento do conflito, levando
o Paquistão a enxergar a região
como uma questão crítica de
sobrevivência. O resultado desse
cenário não pode ser pior: um
Estado fraco, enfrentando seve-
ra escassez de água e cercado
pelo inimigo indiano com forças
muito superiores. Uma possível
guerra pela água na Kashimira é
apenas um dos muitos exemplos
de crises geopolíticas exacerba-
das por fatores climáticos.
O desafio que a mudança climática
impõe aos Estados falidos demanda
uma ação conjunta não somente de
governoseorganismos internacionais,
mas tambémdo setor privado.Multi
nacionais operando nesses países
instáveis têm tanto responsabilidades
quanto interesses em jogo e podem
ajudaraconstruircapacidadede resi-
liência e adaptação necessárias para
lidar comosdesafios vindouros.
MudançaGeopolítica:
AnarquianoÁrtico
Atémesmooderretimentoda inóspita
e inabitadacalotaPolardoÁrticopode
causarimpactosquetranscendempro-
blemas ambientais imediatos e gerar
tensões e confrontos internacionais.
Além dos efeitos imediatos na fauna
e flora local, e no planeta, o derreti-
mento do Ártico expõe as nações a
umanovarealidade geopolíticaantes
inexistente no tabuleiro do xadrez
global. O derretimento acelerado do
Árticovaiabrirnovas rotasmarítimas,
antes inconcebíveis,epermitiracesso
anovas fontesde riquezasnaturais.
ARegião doÁrtico não é governada
por nenhum tratado ou regulamen-
tação multilateral simplesmente por
nuncaterhavidonenhumaexpectativa
naexploraçãodosseus recursosnatu-
raisou rotasdenavegação.Umaesti-
mativadaUniãoAmericanaGeofísica
concluiuque jáem2013poderemos
ter umÁrtico livredegelo.
Outros estudos conservadores feitos
pela empresa petrolíferaNorueguesa
StateoilHydro e o Senso Geológico
AmericanoapontamqueoÁrticopode
possuir¼de todasasreservasdepetró-
leoegásnãodescobertasdomundo.O
PAÍSES
PONTUAÇÃO
1
Somália
114.7
2
Zimbábue
114
3
Sudão
112.4
4
Chade
112.2
5
RepúblicaDemocrática doCongo
108.7
6
Iraque
108.6
7
Afeganistão
108.2
8
RepúblicaCentral daÁfrica
105.4
9
Guiné
104.6
10
Paquistão
104.1
î
Figura 1