R E V I S T A D A E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2010
64
Guerras
emudanças climáticas
¸
governoRussocalculaqueno território
do Ártico reivindicado por eles existe
uma reserva de 586 bilhões de barris
depetróleo (as reservasdoPré-Sal esti-
mam50bilhõesdebarriseas reservas
conhecidasdaArábiaSauditatotalizam
260bilhõesdebarris).
Aindamais importantequeos recursos
naturais é a abertura de novas rotas
marítimas. Os atalhos criados pelas
novas rotas transformariamocomércio
internacionalencurtandoemdiasasdis-
tâncias.TantoaPassagemdoNordeste
(ao longodacostadaSibéria)quantoa
PassagemdoNoroeste (sobreaAméri-
ca doNorte) diminuiriam em 20% os
custosdasviagens, gerandobilhõesde
dólares emeconomiaparaa indústria
de transportesmarítimos.
Atualmentea rotamarítimaRoterdã
(Holanda) −Yokohama (Japão), via
CanaldeSuezéde21.100km.Ames-
maviagemviaPassagemdoNordeste
reduzem40%adistânciapara14.100
km (Figura 2). Damesmamaneira, a
viagem de Seattle (EUA) − Roterdã
(Holanda) via Passagem doNoroeste
encurtariaem2000milhasnáuticas
omesmo trajeto feitopeloCanal do
Panamá.
Em
AZUL
a passagemmarítima do
Nordeste, em
VERMELHO
, a rota via
Canal deSuez.
Dada a importância estratégica
e econômica da região, as cinco
nações vizinhas iniciaram suas
movimentações visando expandir
seu território e área de influência.
Recentemente a Rússia despachou
um de seus submarinos nucleares
fincando suabandeirano fundodo
mar do Polo Norte. Em resposta,
o governo Canadense anunciou a
liberação de fundos para a cons-
trução de um porto de águas pro-
fundas eaumentoda frotanaval do
Ártico. Dinamarca eNoruega, que
respectivamentecontrolamaGroe-
lândia e Ilhas Svalbard também es-
tão semovimentando rapidamente
para submeter suas reivindicações
territoriais àsNaçõesUnidas.Mes-
mo sem ter ratificado aConvenção
sobre o Direito do Mar e possuir
apenas um navio quebra-gelo (a
Rússiapossui18),osEUA,por inter-
médio da sua comunidademilitar,
têm demonstrado publicamente a
sua preocupação com a crescente
movimentaçãonoÁrtico edeman-
dadomais estudos e investimentos
na região. Até mesmo países que
não fazem fronteira com o Ártico
estãomobilizando.AChinaenviou
seu navio quebra-gelo − Dragão
Branco − pela terceira vez para a
região. EstaleirosdaCoreiadoSul e
Singapura tambémestãoconstruin-
do petroleiros com capacidade de
navegar as rotas doÁrtico.
Umacombinaçãoexplosivaquemistura
interesses estratégicos com anarquia
pode, facilmente, acirrar tensões edis-
putas.A transformaçãoda regiãonum
epicentro geopolítico e sua remilitari-
zação jáagrupaos elementos capazes
deproduzirumconflito internacional.
Duploerro
estratégico
Umadasmaiores ironiasde todosesses
desafios é que justamente as forças
convocadas emobilizadas para com-
bater oupacificar os conflitos, tensões
edesastresgeradospelasmudançasdo
clima são também refénse, aomesmo
tempo, partedoproblema. Devido ao
seu tamanhoepoder,nadamaisútildo
queanalisaropapeldamaiorinstituição
militardoplaneta.ODepartamentode
DefesaAmericanoéomaiorconsumi-
dor individual de energia nomundo,
usando diariamente mais energia do
que qualquer outra organização pri-
vada oupública nomundo e à frente
de outras 100 nações. Para efeito de
comparaçãooDepartamentodeDefesa
Americanoqueima 395.000barris de
petróleopordia−oequivalenteaocon-
rotamarítimaRoterdã
(Holanda)
−
Yokohama (Japão)
J
±
M
ODepartamentodeDefesa
Americanoéomaiorconsumidor
deenergianomundo,e
queima
395.000barrisdepetróleopordia.
s
MDueñas
MDueñas
Figura 2