Sustentabilidade_Janeiro_2010 - page 87

AESPM,noanode2009,lançouoprimeiroEncarteEspecialcomartigos
deprofessoresdocursodeRelaçõesInternacionais.Aseguir,apresenta-
mos aqui o segundodeuma série.Notaremosqueo tema central será
a“sustentabilidade”,umavezqueganhaacadaanodimensõesglobais
nasnegociações internacionaise,nabuscadapreservaçãodanatureza,
énecessárionãoesqueceropapelcrescente,ecadavezmais importante,
dasnegociações internacionaissobremudançasclimáticas.
2009 foi oprimeiro anoda nova e promissora administraçãodoPre-
sidente BarackObama, nos EstadosUnidos. Anova presidência foi a
principalnotícianasrelações internacionaisem2009, apesardeonovo
Presidenteestarterminandooanocomumfocomuitomaisdoméstico
doque internacional.
Naarenaeconômica, o temamaispreocupantenãodiz respeitoàcrise
financeiraglobalpropriamenteditaque,aospoucos,seesvaece.Dizres-
peito, sim,àquestãodagovernançaeconômicaglobal–ouseja,àforma
comoomundoseorganizapara“governar”aeconomia internacional.
Sabe-se, também,queessa integraçãodeeconomiaeambiente,necessa-
riamente, importaemumadiminuiçãonoritmodecrescimentoeconô-
mico,oquedeformaalgumaédesejadopelospaísesemdesenvolvimento.
Oproblemamaior que sedelineiadiz respeito à interação entreos di-
versoscontextosatuaisdagovernançaeconômicaglobal.Efetivamente,
háumdescompassoentretaiscontextos.Enquantoapartefinanceirae
macroeconômicaseestruturaatémesmopormeiodorenascimentodo
FMI emnovasbases, o sistemamultilateraldecomércioestápassando
por umde seus pioresmomentos com adesmoralizaçãodaOMC em
virtudedos fracassosdeDoha.
OGovernoObama,queesseanoseviudiantedaárduamissãodeenfren-
taramaisgravecriseeconômicaemoitodécadas,alémdedefendercom
unhasedentesumnovomarcoparaosistemadesaúdeestadunidense,
possuiumagrande inclinaçãoàadoçãodeenergiasrenováveise limpas.
AChina é grande poluidora e não parece inclinada em contribuir de
formacabalparaestancar suasexternalidadesnegativas.
OBrasil,porseuturno, tambémépoluidor.Apesardepossuirumama-
trizenergéticarelativamentelimpa,faceàsuagrandebaciahidrográfica,
quepermiteageraçãodeenergiaelétricaemquase80%,lamentavelmente
nãoconseguimoscontrolarasqueimadasnaAmazônia,quecorrespon-
demmaisde70%dasnossasprópriasemissõesdegasesdeefeitoestufa.
Evidentementeque temosde considerar comopontos anosso favor o
programadoetanol edobiodiesel,mas issonãoésuficiente.
Noquedizrespeitoaodebatesobresustentabilidadeesegurança inter-
nacional, dois temas são recorrentes e amplamente discutidos: de um
lado, os combustíveis fósseis (comopetróleoegás), e, deoutro, aágua.
NocasodoConeSul,essaregiãosedestacapelaexistênciadepaísescom
abundânciade recursoshídricos.
Nãopodemos perder de vista que a água é um recursonão renovável
que poderá, emum futuropróximo, ser umbem valioso e disputado
naarenada segurança internacional. A fragilidadedo controle estatal
sobre este importante recurso poderá gerar potenciais conflitos civis
pelo controle da água. Tal asserção é feita considerando, também, os
efeitos do aquecimento global, que têmpiorado as condições de vida
em regiõesmaissecasdoplaneta.
Comoveremos, oBrasilpossui entre15e20%dasespéciesdoplaneta,
o que o torna o país com amaior biodiversidade da Terra. Sua flora
é amais diversa, totalizandomais de cinquenta e cincomil espécies.
Os ecossistemasmais ricos domundo (Amazônia, Cerrado e aMata
Atlântica), estão localizadosnoBrasil, sendoqueaFlorestaAmazônica
compreende26%dasflorestas tropicaisqueainda restamnoplaneta.
Aindaquede forma incipiente, as empresas têmapresentadoalgumas
soluçõessustentáveisque,de fato, contribuampositivamenteparame-
lhoradas condições de vidade nossa sociedade e seus consumidores.
As empresas perceberam que podem se diferenciar de concorrentes
utilizandopráticasquevisamàotimizaçãoderecursosnãorenováveis.A
incorporaçãodeumafilosofiavoltadaparaasustentabilidadeprodutiva
pode trazer uma série de benefícios para a empresa e consumidores,
influenciandotodaacadeiadevalores(
input,throughputeoutput
).Ouseja,
o conceitoda sustentabilidadepode ser incorporado emquase todos
osprodutosqueexportamos.
Ao pensar sustentavelmente, estamos propondo-nos a configurar
as atividades humanas de acordo com o melhor para o planeta,
pensandoassimnofuturo.Asaçõessustentáveistambémseaplicam
ao segmentode luxo, exigindoadaptaçõesporpartedasempresase
indústrias queopraticam.
As ações estão sendo realizadas,mesmoquepaulatinas. A expectativa
dosotimistaseraadeque fechássemosoanocomresultadospositivos
na Conferência de Copenhague, no entanto observou-se que ainda
persisteumadesuniãodogrupodospaíses emdesenvolvimento eos
paísesricosparticularmente sobreascontribuiçõesfinanceiras parao
combateamudançasclimáticas.Osseusresultadosforamdecepcionan-
tes. Aofinal deduas semanas, os192paísespresentes só conseguiram
por-sedeacordo sobreummaiordenominador comummuitogeral e
nãoobrigatório.
2010poderáserpalcodegrandesdeliberaçõessobreasquestões,parti-
cularmenteapartirdomomentoemqueosEstadosUnidos lograrem
promulgarumanova leidemudançasclimáticasquedeixaráomundo
como seguintedilema: combater o atentado aoprotecionismoque a
legislaçãopoderárepresentarbuscandoumnovocontextodediscussão
enegociaçãosobreoassunto(umaDoha“turbinada”,umanovarodada,
umnovoFórumdentrodosistemadaOMC–entreoutros),ouseguir
o exemplonorte-americano e “dar o troco” com amesmamoeda, de
forma aque o comércio internacional se vejadiantedeumapequena
guerracomercial,ondecadapaísdefine,porsisó,arelaçãoentrecomér-
cioemudançasclimáticaseaplicasuasprópriasversõesdaschamadas
“medidasde fronteira”ou“bordercarbon tax.”
Temas,comoosmencionadosacima,serãoabordadosnospróximosartigoselaborados
pelocorpodocentedocursodeRelaçõesInternacionaisdaESPM.
Editorial
SÉRGIOPIOBERNARDES
Diretor Nacional dosCursos deGraduação emRelações Internacionais comÊnfase emMarketing eNegócios
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