Emdezembroúltimohouve
uma reunião em
Copenhagueque foi umadasúltimasoportunida-
des para que os países se comprometam com um
mundomelhor.Desde1992, com aECO-Rio, pas-
sandoporQuioto(1997),eoutrastentativasmenos
expressivas,queomundoprocuraumasoluçãopara
emissãodegasesqueproduzemoefeitoestufa,que
põem em risco a perenidade do planeta. Segundo
importantescientistas,o“deadline”paraqueaTerra
nãosevejaemrotadedegeneração irreversívelseria,
namelhordashipóteses, oanode2020.Casocon-
trário,nossosfilhosenetos jápassarãoasofrercom
asmudançasclimáticasque,dealgumaforma, jáse
fazem presentes na atualidade. Portanto, a busca
por sustentabilidadedeve serum compromissode
cadaumdenós!
Coma crise econômicade2008, um temor se aba-
teu sobre osmais céticos, pois seriam antagônicas
aspolíticasdecorreçãodosdesajustes econômicos
globais e asmedidas paraque a situação climática
caminhasseem sentido favorável.Nessemomento,
quandoa recessãoeconômicaatingeospaíses cen-
trais em cheio, ficaquase impossível advogar teses
altruístas,enquantomilhõesdepessoasengrossam
a já longafilado seguro-desemprego. Nos EUAos
índices caminham para 10% da PEA e em países
como a Espanha a figura já se aproxima de 20%.
Como lidar com essaantítese?
Combustíveis fósseis estão na raiz do problema.
Os americanos consomem poucomais de 20% do
petróleoproduzidoemescalamundial esãovorazes
importadores.Oburacoque a conta-petróleodeixa
nascontasexternasamericanasalcançaquase50%.E
éaquiquepensoserumpontorelevantenadiscussão.
OGovernoObama, que esse ano se viu diante da
árduamissão de enfrentar amais grave crise eco-
nômica em oito décadas, além de defender com
unhas e dentes um novomarco para o sistema de
saúdeestadunidense, possuiumagrande inclinação
à adoção de energias renováveis e limpas. Querme
parecerque, apartirde2010, comasituaçãodecrise
na economiamenos intensa, osEUA apontempara
umanovamatrizenergética,muitomais“green”,com
intuitode reduzir aparcelade emissãodeCO
2
/PIB,
queatualmenteémuitíssimoelevada.Hábilhõesde
dólareseminvestimentosempesquisasparaenergias
debiomassa,quesãoaquelasoriundasdacombustão
dematerialorgânico, comooetanol celulósico.
Maseospaísesemergentes?Nãotemosumacontri-
buiçãonegativaparaessequadroatual?Aresposta,
infelizmente, é sim!
AChinaégrandepoluidoraenãoparece inclinada
(deixemos a retórica de lado), em contribuir de
forma cabal para estancar suas externalidades
negativas. Nas negociações internacionais, o país
mostra-se irredutível emfirmarcompromissosque
envolvam reduçãodeCO
2
, sendoque, emalgumas
ocasiões, asinalizaçãode tempoéo longínquoano
de2050.
OBrasil,porseuturno, tambémépoluidor.Apesar
de possuir uma matriz energética relativamente
limpa, face à sua grande bacia hidrográfica, que
permiteageraçãodeenergiaelétricaemquase80%,
lamentavelmente não conseguimos controlar as
queimadasnaAmazônia,quecorrespondemamais
de70%dasnossasprópriasemissõesdegasesdeefei-
to estufa. Evidentemente que temos de considerar
comopontosanosso favoroprogramadoetanol e
dobiodiesel,mas issonão é suficiente.
AindaemrelaçãoaoBrasil,seria interessantecomen-
tarmos aquestãodas reservas doPré-Sal. Indiscuti-
velmente,nossa“picanhaazul”éamaiordescoberta
deóleo recenteenos colocaem invejável posiçãono
rol depaísesquepossuempetróleo.Não lheparece,
leitor, no entanto, um contra-senso? Não estamos
discutindo justamentequeasenergiasdoséculoXXI
deveriam ser limpas, rejeitandoaquelasoriundasde
combustíveis fósseis?Recentemente ouvi uma frase
queconsideromuito interessante: “A idadedapedra
não terminoupor falta de pedra, assim como a era
dopetróleonão terminarápela faltadele”.
Oque sobrevéma essa crise seráumamudançade
paradigmas que afetarão o próprio arcabouço da
globalizaçãoneoliberal.Aquestãoclimáticaécondi-
ção
sinequanon
paraasustentabilidade, incluindo-se
aeconômica.Seospolíticosnãotiveremasapiência
de perceber tais alterações agora, estaremos em
apurospara todoo sempre.
chance aomundo
ALEXANDREESPÍRITOSANTO
Diretor Acadêmicodo cursodeRelações
Internacionais daESPM-RJ.
Deemuma
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CADERNOESPECIAL