R E V I S T A D A E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2010
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trutura, dos esforços de integração
dopaís,damelhoriados indicadores
sociais (educação, por exemplo).
Já a política de Reforma eAbertura
(1978), lideradaporDengXiaoping,
abriuumnovociclodecrescimento
econômicoede integraçãoao siste-
ma internacional, superandooutras
contradições e inaugurando novas.
Como resultado do processo
de modernização, o PIB chinês
passou de 356 bilhões de dólares
em 1990 para 4,326 trilhões em
2008; enquanto o crescimento
do PNB em poder de paridade de
compra (PPP), foi de 903 bilhões
para 7,984 trilhões, no mesmo
períododemenosdeduasdécadas
(1990-2008), segundo o World
Development Indicators.
1
A prin-
cipal expressãodessecrescimento
da China é a elevação da renda
per capita
e, consequentemente,
do padrão de vida da população.
A elevação da renda, combinada
com a urbanização, resulta no
fortalecimento do mercado inter-
no e na necessidade de grandes
obras infraestruturais (energia,
comunicações, aparelho urbano
e transporte). Um dos resultados
dessesmovimentos é a ampliação
da demanda por energia.
OconsumodeenergianaChinapas-
sou de 696 em 1990 para cerca de
2.002mtoe
2
em 2008. Ou seja, um
crescimento de cerca de 190% no
consumo de energia, em compara-
çãocomocrescimentode785%do
PNBemPPP.O ritmodecrescimento
de energia foi bem inferior ao do
crescimento do PIB ou do PNB (em
PPP), revelando uma crescentemo-
dernização tecnológica e aumento
daeficiênciaenergética.Dequalquer
forma,aampliaçãodademanda tem
pressionadoosuprimentodeenergia
daChina em todas as frentes.
Ocrescimentodoconsumodeener-
gia dá-se numa matriz energética
concentrada em recursos fósseis, ou
seja, carvão mineral, gás natural e
petróleo, representando 93% do
total. No caso da China, a matriz
energética tema seguintedistribui-
ção: carvãomineral 69%, petróleo
19%, hidrelétrica 7%, gás natural
4%, enuclear apenas1%. Entretan-
to, aquiloqueparece ser uma ano-
malia chinesa diante da realidade
global torna-se algomais plausível
quando traçamos algumas compa-
rações. Os países da Organização
paraaCooperaçãoeoDesenvolvi-
mentoEconômico-OCDE,osmais
ricos e desenvolvidos do mundo,
têm 85% de sua energia oriunda
de recursos energéticos fósseis,
segundo o
BP Statistical Review of
World Energy 2009
.
3
Aconcentraçãodamatrizenergética
em recursos fósseis,combinadacom
o aumento do consumo de energia
e com o relativo déficit tecnológico
(eficiênciaenergética), daChina, re-
sultounumaumentobrutalnasemis-
sões de dióxido de carbono (CO
2
).
Segundo a Energy Information Ad-
ministration,
4
a China emitia 3.029
milhões de toneladas métricas de
CO
2
resultantes da queima de com-
bustíveis fósseisem1998,passandoa
emitirquase6.018em2006. Em ter-
mos
per capita
, o consumode ener-
giaeasemissõesnaChinasãomuito
baixas, demodoqueaafirmaçãode
queopaísoriental éumdosmaiores
poluidores ébastantecapciosa. Para
ilustrarcomdadosde2005do
World
Development Indicators
:
5
o uso de
Apremissa fundamentaldo trabalho
édequeoêxitododesenvolvimen-
to da China, dadas as condições
histórico-geográficas, conduziria
inexoravelmente à atual problemá-
tica energético-ambiental. O argu-
mento proposto, entretanto, é o de
quea tal problemática representa, a
um só tempo,umdesafionecessário
àChina e ao sistema internacional,
exatamente no momento em que
ambosexperimentamumaprofunda
transformação. Na primeira parte
do artigo será abordada a questão
energética no desenvolvimento da
China, sobretudoospontos1e2da
problemática; enquanto a segunda
parte estará voltada aos desafios da
problemáticaenergético-ambiental,
no caso, os pontos 3, 4 e 5.
Aquestão energética
nodesenvolvimento
daChina
O desenvolvimento e a reconstru-
ção daChina têm sido parte de um
movimentode longaduraçãohistó-
rica, cujas raízes encontram-se na
Revolução de 1949. Ao completar
60 anos em1
o
deoutubrode2009,
aNovaChinaexperimenta inúmeros
desafios relacionadosàmudançade
status
dopaísno sistema internacio-
nal. A modernização chinesa tem
representado a superação de con-
tradições e o surgimento de novos
desafios.Aproblemáticaenergético-
ambiental é parte importante dos
desafios ligadosaodesenvolvimento
e à ascensãodaChina.
OprimeiromomentodaRevolução
Chinesa, lideradaporMaoTsé-tung,
lançou as bases da modernização,
peloestabelecimentoda indústriade
base, dos investimentos em infraes-