Sustentabilidade_Janeiro_2010 - page 90

2009foioprimeiroanodanovaepromissora
administração do Presidente Barack Obama nos
EstadosUnidos. Anovapresidência foi aprincipal
notícianasrelações internacionaisem2009,apesar
de onovoPresidente estar terminandoo ano com
um focomuitomaisdomésticodoque internacio-
nal. Sua atuação internacional tem se limitado a
umadelineaçãodo“novo”espaçonorte-americano
nomundoedominadopelaquestãodoAfeganistão,
do enviodenovas tropas, donível de engajamento
necessário – entre outros temas bélicos e de segu-
rançanacional. Apesar de serObamaoPresidente
deapenasumpaís, suaascensãoaopoder foio fato
internacionaldoano jáquerepresentouapossibili-
dadedeumaprofunda reestruturaçãonas relações
internacionais. Provadissoéque recebeuoPrêmio
NobeldaPaz sem terainda feitonadamaisdoque
reorientar a retórica dos Estados Unidos – o que,
considerando-seopoderdopaís,nãoépoucacoisa.
Na arena política, os focos de atenção internacio-
nal permaneceram osmesmos: o Iraque, a Coreia
doNorte, o Irã, oAfeganistão, operene problema
Israel-Palestina. A atenção dada à América Latina
dividiu-se entre populismos (Hugo em primeiro
lugar, seguidodeZelayaeodramatambémestrela-
dopeloBrasil, semprecomalgumespaçoparaEvo,
Correaeoutros), eo sucessodaagendaeconômica
na crise internacional. Vimos um Presidente Lula
cada vez mais imune aos seus próprios deslizes
retóricos (dizer que os culpados da crisemundial
sãoosdeolhosazuis, reconheceravitóriadeAhma-
dinejadantesmesmoqueo Irão reconheça, tomar
partidodeformatãoexplícitanacrisehondurenha),
na medida em que, paradoxalmente, crescia sua
estatura internacional – algoque culminou com a
publicaçãoda capa edamatériade capado
Econo-
mist
emmeados denovembro. EmBuenosAires, a
pauta resumiu-se ao contínuo ataque aoBrasil no
comércio e uma capacidade do governo Kirchner
de governar por atritos (agricultura, sistema de
pensão)e intimidações (casoClarín)e,aindaassim,
recuperar-sede importantes revezes eleitorais.
Naarenaeconômica,otemamaispreocupantenão
diz respeitoà crisefinanceiraglobal propriamente
ditaque,aospoucos, seesvaece.Dizrespeito, sim,à
questãodagovernançaeconômicaglobal–ouseja,à
formacomoomundo seorganizapara “governar”
a economia internacional. Em 2009, ficou claro
Global
que há três contextos que regem esta questão: o
G20, que se debruça não apenas sobre questões
propriamente macroeconômicas, mas que tem
algo a dizer sobre o comércio internacional e
atémesmo sobre a economia verde; aOMC, que
perdeumais umprecioso ano em seu esforço de
concluir a Rodada de Doha; e a Conferência de
Copenhague que aponta para a criação de um
novo regime sobremudançasclimáticas.Deuma
formageral, oG20 temsidomuitobem-sucedido
enquanto a OMC tem se pautado pelo fracasso.
Copenhague constitui um passo na direção de
um regime –mas apenas o primeiro passo, uma
espéciede lançamentodasbasesparaa formação
de tal regime. 2010 deverá ser o palco demuito
do trabalho pós-Copenhague, particularmente
namedida emque países comecem a promulgar
suas próprias leis sobre asmudanças climáticas.
O problema maior que se delineia diz respeito à
interação entre os diversos contextos atuais da
governança econômica global. Efetivamente, há
um descompasso entre tais contextos. Enquanto
a parte financeira emacroeconômica se estrutura
atémesmopormeiodo renascimentodoFMI em
novasbases,osistemamultilateraldecomércioestá
passandoporumde seuspioresmomentos com a
desmoralizaçãodaOMC em virtudedos fracassos
deDoha. Aomesmo tempo, omeio ambiente e as
mudanças climáticas finalmente adentraram as
relações internacionais deuma forma consistente,
uma vez que os EstadosUnidos resolveram voltar
a integrar as grandes deliberações internacionais
sobre o tema depois da “moratória” ambiental
decretada unilateralmente pelo governo Bush.
Esse fato em si já é revolucionário e alvissareiro.
Noentanto,o“diaboestánosdetalhes”.Nãobasta
queosEstadosUnidosreentremnosistema:onível
deresponsabilidadedosnorte-americanosnotema
ambiental é altíssimo e seus compromissos não
podem deixar de sê-lo. 2009 foi palco de grandes
deliberações no Congresso norte-americano que
revelaram limitações significativas naquilo que
os Estados Unidos podem oferecer aomundo em
termos de compromissos de redução de emissões
Governança
CADERNOESPECIAL
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