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Revista daESPM – Julho/Agosto de 2002
Entrevista
“Aescolhada
formadegestão
éumaescolha
ética.”
JR –Uma empresa bem adminis-
trada, que remuneraosseus fun-
cionáriosadequadamenteedistri-
bui regularmente dividendos aos
seusacionistas, jánãoestácum-
prindocomasua responsabilida-
de social?
Oded–Não.Nãoéapenas isso.Ela
podeestar fazendopropagandaen-
ganosa; podeestar contratando for-
necedores que usam mão-de-obra
infantil; pode estar jogando no rio,
que ficaao ladodela, osdetritoseo
lixo produzido por ela. Ela pode fa-
bricar produtos que sejam tóxicos
semavisarosclientes. Issosãoape-
nas alguns exemplos.
JR – Praticamente todas essas
coisas que você menciona têm
umadimensãoética. Oqueé, en-
tão, responsabilidadesocial?Se-
ria a dimensão ética das empre-
sas?
Oded – Exatamente. Nós estamos
falandode formasdegestãoeaes-
colhada formadegestãoéumaes-
colha ética. Eu posso administrar
uma organização de váriasmanei-
ras diferentes, como, aliás, posso
fazer, na vida, amaioriadas coisas
de
n
maneiras diferentes. Eu colo-
co a escolha ética como um
norteador da empresa para adotar
umagestão socialmente responsá-
vel. Por quê?Porqueéumagestão
que é balizada por princípios e va-
lores que – inclusive – são
construídos, determinados por ela,
e que levam em conta o impacto
que as atividades da empresa têm
sobre as pessoas – sentir-se res-
ponsável pelos impactos de suas
ações. Pode ser responsabilidade
acurtoprazo, sobreaspessoasque
são envolvidas imediatamente;
pode ser demédio e longo prazos,
sobreaquestãodasustentabilidade
– que impacto isso vai causar nas
gerações futuras ou nos anos se-
guintes – e assumir a responsabili-
dade por essas conseqüências.
JR – Vejo, no seu currículo, que
você tem formação de empresá-
rio; já tevesuaprópriaempresa–
aGrow, em 93.
Oded – Fundei a Grow junto com
amigos, em 1972, e saí de lá como
acionista em 93.
JR – Como é que você deu essa
guinada na vida? De empresário
comum a empresáriodeONG?