Julho_2002 - page 89

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Revista daESPM – Julho/Agosto de 2002
JR – Estou lembrando esse
slogan
, porque, afinal brincar é
um ato valorizado e não é só hu-
mano–osanimaisbrincam.Exis-
te alguma coisa na brincadeira
quesatisfazosnossossentimen-
tos – ver alguémbrincando é ver
alguém feliz.Porquevocêdá tan-
ta ênfase ao caráter educativo?
Oded –Quando eu digo educativo,
nãoéaquelacoisachata, nãoestou
desprezandoo lúdico.Obrinquedo,
como instrumento pedagógico, é
muito eficaz porque realmente se
aprendeatravés do lúdico.Agora, a
propagandaparacriança, abaixode
uma certa idade, 6, 7, 8 anos...
JR–Suaposiçãoédeque,na fase
pré-escolar, nãosedeveriadirigir
publicidade às crianças, mesmo
sabendoqueelasestãodianteda
televisão?
Oded–Devem-sedirigirmensagens
a elas, mas não propaganda. Por
exemplo, sevocêquer brincar, você
não precisa ter um brinquedo; você
pode brincar com coisas que você
têm na sua casa.
JR – Mas, o que eu fabrico é um
brinquedo e dependo da venda
desse brinquedo para que a mi-
nha empresaprospere...
Oded–Fariaapropagandaparaos
adultos, para os pais.
JR –Sempre?
Oded –Sempre.
JR – Vamos voltar à questão da
responsabilidade social. Não dá
uma certa raiva você ver que o
Brasil é, comparativamente, um
dos países que mais impostos
cobradasuapopulação–everifi-
car que oEstado tratamal essas
verbas; elenãoécompetente, no
uso desses impostos para as
finalidades sociais?
Oded –Antes de responder
à pergunta, quero fazer
umadigressão.Oque re-
presenta esse movi-
mento todo, das orga-
nizações do terceiro
setor?No fundoéo
seguinte: éapas-
sagem da fase
dademocracia
representati-
va – onde
você elege um
representante que
fazascoisasparavocê
– para a democracia
participativa, onde é você que
participadodestinodacomunidade.
O governo é feito por todos. Essas
organizações são a nova forma de
democraciaparticipativade formaor-
ganizada, ondevocê tenta influenci-
arpolíticas,sociedade,comunidade.
E o que acontece no Brasil? Você
pode ter raiva, mas acho que essa
raiva precisa ser canalizada para
onde cada um possa assumir res-
ponsabilidadeporque, seagentesó
ficar na raiva, vai-se ficar com raiva
eternamente.
JR–Vai, inclusive,“votarcontra”;
sempre querendo votar contra o
governo.
Oded–Sim, esseéoefeitoda raiva
permanente.Senãosepressionar o
governo e tentar eleger melhores
representantes e –mesmo assim –
depois, cobrar deles.
Eu
acho que
as pessoas não são piores ou me-
lhores, aqui ou na Alemanha, por
exemplo.Mas, asociedadeseorga-
niza de váriasmaneiras e há vários
paísesquecobrammais impostosdo
que a gente, mas os serviços são
fantásticos e as pessoas não recla-
mam. Como em um condomínio,
vocêpodeestar com raiva, pagando
R$ 10 por mês e superfeliz, pagan-
doR$50pormêsporque tudo funci-
ona.Ah!Paguei,masvaleu.Oqueé
que fazem em outros países? Ten-
tam influenciar o orçamento; para
onde estão indo os recursos; quais
são as prioridades; como são em-
pregadosos recursos, queserviços
são dados para a população; avali-
am os políticos – votam commais
consciência porque sãomais infor-
mados. E no congresso europeu,
norte-americano,ocongressistanão
tomanenhumadecisãosemconsul-
“Quandosevêem
osindicadores
sociaisnoBrasil,
temosvergonha.”
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