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Revista daESPM – Julho/Agosto de 2002
tar seuseleitores.Ele temumaequi-
pepara isso. Ébombardeadopelos
eleitores; faz pesquisa; quer saber
comoéque seposicionadeacordo
com cadadistritoedistribui relatóri-
os.Seelenão fizer relatóriosdasua
atuaçãoparaosseuseleitores, sabe
quenãovai ser reeleito.Então,aso-
ciedade participa, cobra, permanen-
temente, e faz com que se obtenha
muitomais retornodoqueaqui.Real-
mente, mesmo com essa carga de
impostos, se a gente tivesse segu-
rança de qualidade, escola de qua-
lidade, garantoqueninguém iria re-
clamar. Pelo contrário, iria achar
muito bom. Na minha opinião, não
háoutrasaídaanãoser aparticipa-
ção da sociedade. Eu não acredito
queagentepossaesperar queapa-
reçaumestadista; émuito raro–um
Churchill, um Mandela, um
Roosevelt.Émuitodifícil.Contarcom
isso é como jogar na loteria. O que
acredito é que a própria sociedade
vai empurrar o governo para assu-
mir determinadas posições, para
cumpriroseupapel que, aliás, é fun-
damental.Nãoéo terceirosetor que
poderá resolverosproblemasdesaú-
de, educação, segurança.
JR–Vocêquerdizerqueo tercei-
ro setor seria uma espécie de
staff
,osinalizadordascoisasque
o setor público eventualmente
teráque realizar?
Oded – Ele é complementar, é
pressionador, participativo.
JR –Ajuda,masnão resolve?
Oded–Elepode resolver numa co-
munidade, numaesferapequena. E
resolve também se consegue levar
paraumaescalamaior, as suas ob-
servaçõese reivindicações,oquedá
um impacto final napolíticacomum.
Foi assimquea sociedade seorga-
nizou.Foi assimquealgunsestados
acabaram seorganizando. Enfim, é
Oded –Pode.
JR–Umaempresasem fins lucra-
tivos seria sóciadoEthos?
Oded – Não. Não é nosso público-
alvo. Ms, tudo que estamos falando
sobre responsabilidadesocialajusta-
se perfeitamente a qualquer organi-
zação.Umsindicato,partidopolítico,
ONG.Nãoadiantavocêpromoveros
direitos humanos se vocênão regis-
traseus funcionários,sevocênãodá
oportunidade às pessoas. Isso tem
que ser praticado internamente.
JR–Masasempresasassociadas
são, na sua maioria, empresas
comerciaiscom finalidades lucra-
tivas.Vocês recomendamaosas-
sociados que desenvolvam ativi-
dadepolítica?
Oded–Vocêchegouaveracartilha
que lançamos recentemente, sobre
oprocessoeleitoral?O ser humano
épolítico, asorganizaçõessãopolí-
ticas.Quandose fazemescolhas, já
se faz política. Mas é partidária.
JR– Comoosistemapolítico-elei-
toral brasileiro é organizado em
partidos, não há outra forma de
intervir no processo a não ser
atravésdospartidos.
Oded–AFundaçãoABRINQ, o Ins-
titutoEthos são entidades políticas.
Os direitos humanos, os direitos da
criança são conceitos políticos. En-
tão, atuam politicamente, mas não
sãopartidárias.OEthosnãodizpara
atuar em partidos, ou desenvolver
atividades partidárias. Ele diz: Pen-
senamelhor formadeusar opoder
que você tem em benefício da co-
munidade. Se achar que é partici-
pandodepartidopolítico, para fazer
com que esse partidomelhore e se
esse partido, chegando ao poder,
faráboaadministração, faça isso.Se
achar que não, se não quiser parti-
“Nãosouuma
pessoaambiciosa;
nãoprecisode
helicóptero,nem
deum iate.”
assimqueascomunidadesseorga-
nizam.Vocêprecisasedar contade
que, para isso, é preciso se organi-
zar, precisa coletar impostos de
quem tem para aplicar em políticas
que beneficiem a todos. Essa é a
idéiadecomosesairdabarbáriedo
“cadaumporsi”.Saímosdabarbárie
para um estado mais organizado,
civilizado, democrático.
JR –O InstitutoEthos só tem só-
cios-empresas – pessoas jurídi-
cas?
Oded –Só.
JR – Qualquer tipo de empresa?
Um clube de futebol pode se as-
sociar ao InstitutoEthos?
“Éum trabalho
muitorico,em
todosossentidos.”