Julho_2006 - page 34

Frederico
Araujo Turolla
eAlexander
NogueiraXavier
37
julho
/
agosto
d e
2 0 0 6 – Revista da ESPM
Este artigo discute a situação do
comércioedasfinanças internacionais,
começando pelas moedas que ga-
rantem o delicado equilíbrio atual.
Em primeiro lugar, o artigo discute
a supremacia do dólar e as princi-
paismoedas que compõem a atual
arquitetura do sistema cambial. Em
seguida, apresenta-se o desequilí-
brio do comércio, com grandes
exportadores no Oriente obtendo
grandes superávits frente aos EUA
e outros países. Na seqüência,
discute-se a contrapartida desse
desequilíbrio: o fluxo de capitais
que permite aos superavitários
do comércio financiarem os defi-
citários.Aavaliaçãodesseequilíbrio
delicado permite o entendimento
das relações econômicas entre os
países nomundo atual.
1.
A supremacia
dodólar
Em julho de 1944, as nações alia-
das, vencedorasdaSegundaGuerra
Mundial contra as chamadas forças
do Eixo, reuniram seus delegados
em BrettonWoods, estado deNew
Hampshire,nosEstadosUnidos.Na
ocasião, foram desenhadas regras
para governar os vários aspectos
do relacionamento entre as nações
em tempos de paz. Foram criadas
instituições multilaterais, como a
Organização das Nações Unidas
(ONU), o BancoMundial, o Fundo
Monetário Internacional (FMI) e a
proposta da Organização Mundial
do Comércio (OMC). O sistema
criado no pós-Guerra constitui,
ainda hoje, a base da arquitetura
econômico-financeira internacional.
Esse sistema se mantém pouco al-
terado por seis décadas e já passou
dahorade ser reformado,masainda
nãoháconsenso internacional sufi-
ciente sobre oque deverá ser posto
em seu lugar.
A Conferência de Bretton Woods
definiuum sistemacambial noqual
O
mundo entrou em um equilíbrio
delicado. Olhando-se o comércio,
osEstadosUnidosmantêmumcon-
sumoexacerbado, importandoprin-
cipalmente produtos asiáticos em
larga escala. No lado das finanças,
oexcessodeconsumoamericanoé
financiado por capitais excedentes
que os asiáticos obtêm justamente
no comércio com os Estados Uni-
dos. Não é sustentável, entretanto,
queosEUAcontinuem importando
cada vez mais, contando com
financiamentos asiáticos e doOri-
enteMédio.
Em algum momento, a águia terá
depousar.Os EUA terãode reduzir
seuconsumoparadependermenos
do financiamento oriental. O fator
de equilíbrio é a taxa de câmbio
do dólar contra as demais moedas.
Umadesvalorizaçãododólarcontra
as demaismoedas poderia resolver
esse desequilíbrio, reduzindo as
importaçõesnorte-americanas.Mas
isso não aconteceria sem grandes
efeitos sobre a economia mundial.
Por isso, a grande questão nomer-
cado financeiro é:
hard landing
ou
soft landing
? (aterrissagem forçada
ou suave).
Oartigodiscutea supremacia
dodólar easprincipaismoe-
dasquecompõemaatual ar-
quiteturado sistemacambial.
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