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R e v i s t a d a E S P M –
julho
/
agosto
de
2006
dou.Há setoresque sãoganhadores
nesse jogo e setores perdedores.
Acho tambémque, noBrasil, temos
desvantagens muito sérias como a
questão da educação e da infra-es-
trutura. Emmomentos de abertura,
isso poderá nos deixar em uma
posição competitiva pior do que a
quepoderíamos ter, caso tivéssemos
investido nesses setores.
JR
– Não tem sido fácil, para os
grandesbancos internacionais, a in-
cursãonomercadobrasileiro.Oque
tem isso a ver com a globalização?
Fábio
– O caso dos bancos é
bem diferente de outros setores. Se
falarmos debancos para as grandes
empresas, issonão é verdade.Mas,
nocasodevarejo,de fato, aconcor-
rência favorece os bancos locais,
porque banco de varejo não é um
negócio globalizado; é essencial-
mente local. Não existe nenhuma
vantagemdeescalaparaoABNestar
presente nos Estados Unidos, na
EuropaounoBrasil,masexistepara
uma Ford ou uma Coca-Cola. Nós
competimos aqui como Itaú, como
se fosseummercadoabsolutamente
fechado. Então as economias de
escalamultinacionais, que existem
em alguns setores, não há para os
bancos de varejo. Mas nas grandes
operações, oCitibank, HSBC, ABN
têm concorrido com bancos locais
em condições favoráveis.
Gracioso
–Globalizar-se ou não
seráumaquestãodeescolhaprópria?
“Ok, vamos globalizar o país, ou a
empresa, eo restovai acontecer por
si.” Será possível para um país, ou
uma empresa, decidir oque fazer, o
que lhe convém, ao invés de ser ar-
rastadopelos acontecimentos?
Fábio
–Nãoestábemclaro se sim
ou senão.Vou tentar dar exemplos.
Isso não foi possível na Europa.
A Europa está tendo de repensar
os conceitos de país. Por que foi
criada a Comunidade Econômica
Européia? Costumo dizer que não
é porque os franceses e alemães
gostamuns dos outros;mas porque
simplesmente tornou-se impossível
ter uma taxa de juro na Alemanha
e outra na França. Tornou-se impos-
sívelterumatributaçãonaAlemanha
diferente da França, porque os re-
cursos semovemcommuita rapidez
– sejaporqueocapital vai atrás dos
jurosmaisaltos,ouasempresasvão
atrás do impostomais baixo. Ficou
inviável a independência que os
países tinham,dedefinir sua taxade
“Namedidaemqueos juros forem
maisbaixos, veremosmaisemais
empresasbrasileirasentrandono
mercado internacional.”
