Julho_2006 - page 14

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R e v i s t a d a E S P M –
julho
/
agosto
de
2006
JR
–Mudar aculturanãoépossível;
mas mudar as pessoas talvez seja
um poucomais fácil.Você poderia
dizer alguma coisa para os nossos
alunos e professores, em especial
os que se vão dirigir aos negócios
internacionais?
Fábio
–Aqui no banco há sempre
conversas em relação à carreira. E
a primeira coisa que digo às pes-
soas é que há uma diferença entre
o sonhador e aquele que tem um
plano. O sonhador fica esperando
queascoisasaconteçam, eelasnão
vão acontecer. Na verdade, cabe a
cadaum cuidar da sua carreira e se
preparar para o que se quer. Para
quemquer carreiras internacionais,
obviamentequalquer oportunidade
que tenha–sejaem relaçãoa idioma
ouexperiência internacional –deve
ser abraçada. Tive uma experiência
própria, quando fui pela primeira
vez para a Nestlé. embro-me de
que, quando me foi oferecida a
oportunidade,nempergunteiquanto
ia ganhar. Paramim aquilo já tinha
um valor pela internacionalização;
o resto era irrelevante. Quando fui
ver quanto ganharia, eramenos do
que eu esperava. Mas o importante
éavisãode longoprazo. Então, pri-
meiro,preparar-se,esegundopensar
no longo prazo. Outra experiência
que tive foi no Citibank. Queria
conhecer uma determinada área
– a tesouraria, que é basicamente o
fluxo de dinheiro dentro do banco
– e, para conhecê-la, andei para
trás. Issochocouosamericanos,que
disseram: “Comovocêestáandando
para trás?Você jáédiretor!”Respondi:
nãoháproblema,porquevouaprender
algo que me será útil no futuro.
Então, não ficar no imediatismo
de conseguir uma posição agora. É
pensarmais longe.E terceiroénão ir
atrásdaposiçãoquepagamais,mas
aquelaemque se sintamelhor.Nin-
guémvai ganharmais senãoestiver
fazendo o que gosta e aquilo para
oqual se preparou. Então, é impor-
tante também ter essanoçãodeque
a ascensão profissional, o salário,
ou sua capacidade de influenciar,
ou seja láoque for, éconseqüência
do trabalhoquevocêgostade fazer
eparaoqual estápreparado.Tentar
atalhos que o levem a ganhar mais
dinheiro ou ter uma capacidade
de influência maior pode levar a
grandes frustrações. Quando vejo
jovens preocupados com qual car-
reiraouempresapagarámais, acho
que é uma visão curta. Tudo o que
se sabe, numa empresa, é o salário
dopróximomês; odomês seguinte
já não se sabe porque depende do
desempenho. Acho que é preciso
mudar esse imediatismo do jovem.
Um outro problema é que os jo-
vens são jogados no mercado de
trabalho, noBrasil,muitocedo. Isso
não acontece nos EstadosUnidos e
na Europa; lá os jovens vão para o
mercado de trabalho com 25, 26
anos.Aqui vejo jovens de 17 anos
tentando escolher uma profissão.
A escola educa e ensina, mas há
uma educação que é própria do
jovem–éoquerer conhecermais,
ser um pouco irreverente... E isso
requer um poucomais de tempo.
Uma carreira profissional não é
“Osbancossãocriticados
desdequeaBíblia foi escrita.”
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