Revista daESPM –Maio/Junho de 2002
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militares. Por essa razão, o Brasil
aprofundou a distância no desenvolvi-
mentoqueomarketingpolítico tevenas
sociedadesocidentaisapartirdessaépo-
ca.Oscanaisdeexpressãodasociedade
estavamcomprimidospeladitadurami-
litar. Havia uma disciplina na comuni-
caçãoeleitoral que impediaodesenvol-
vimento de um fluxo normal de infor-
mações.
Esse fluxo só foi restabelecido com
o fim dos governos militares em 1985.
As primeiras eleições em que vivemos
a força domarketing políticomoderno
foram as de1989.O segundo turnodis-
putadoporCollor eLula foi um espetá-
culo de grande porte. O debate realiza-
donosúltimosdiasdecampanha–eum
dos elementos que contribuíram forte-
mente para a vitória de Collor – foi
acompanhado como uma final deCopa
doMundo.OBrasil parouparaver seus
líderesdebaterem idéiaseprojetos.Nes-
seprocesso, amelhorcompreensão, por
partedopresidenteentãoeleito,dos ins-
trumentosdacomunicaçãomoderna, da
utilização de novas ferramentas possi-
bilitadassobretudopela televisão foram
um diferencial importante.
Omomentoeraespecial.Atelevisão
brasileira, sobretudo aRedeGlobo, ha-
via desenvolvido um padrão de quali-
dade técnicamuitogrande. Aimportân-
cia política e social da televisão brasi-
leira já eramuitogrande. Talvez oBra-
sil seja o país democrático ocidental
ondeaindahojea televisãoocupeomais
importantepapel social.Osbrasileirosa
adoram.Somosumpovoquese informa,
sobretudo na perspectiva de informação
demassas, atravésdela. Assim, em1989
pelaprimeiravezesse instrumentopode-
ria ser usado com sua extraordinária ca-
pacidade.
Poderíamos mesmo afirmar que
Collorganhouaquelaeleiçãoatravésda
utilização viva desse meio de comuni-
cação. Um grande espetáculo foi mon-
tado no processo eleitoral. Pelo desen-
rolardahistória, ficamos todos sabendo
queCollorestavapreparadoparaganhar
aeleição,masnãoestavapreparadopara
governar.Acontinuação do espetá-
culo tentado por ele mesmo no
governo–adoravapraticar, por
exemplo, esportes radicais
aos domingos para ocupar
os jornais de segunda-fei-
ra – não foi suficiente
para manter uma lógica
de governo. Damesma
formaqueasmassas fo-
ramenganadas, elasde-
ram-se conta do erro.
Collor foi afastado do
poderno terceiroanode
seu mandato por evi-
dências claras de
corrupção. Transfor-
mou-se em um zumbi
da política brasileira.
Depoisdeoitoanossem
poder exercer seus di-
reitos políticos, tentou
lançar-se candidato à
PrefeituradeSãoPaulo
em 2000. Foi juridica-
mente impedido, mas
enquantopermaneceuno
páreo era candidato de
1% dos votos e mais de
80% de rejeição. Dificil-
mente serámais uma vez um
ator relevante para a po-
lítica brasileira. A
história lhe deu uma chance que ele não
merecia.
2.Osdesafios
Na verdade, as últimas décadas
noBrasil foram temposdeaprendizagem
democrática. Foram tempos de conhecer
a grande política e seus instrumentos.
Acreditoque estamos neste limiar de sé-
culodiantedeumquadronovoeemmu-
tação. Seus principais rebatimentos no
campo do marketing político tendem a
ser:
1. Os brasileiros têm cada vezmais
tomado decisões baseadas em informa-
ções, fenômeno que vem ocorrendo no
mundoocidental;
Dificilmenteserá
maisumavezum
atorrelevantepara
apolítica
brasileira.”