Revista daESPM –Maio/Junho de 2002
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Omercado político tende a ser cada
vezmais competitivo. Eleições como a
de Fernando Henrique Cardoso, em
1998, serãomaisexceçõesdoque regras.
A diferenciação de atributos pessoais e
deprogramas é cadavezmais vital. En-
tretanto, para perceber o que conta e o
que não conta e para montar uma per-
cepção clara das tendências da opinião
pública, é cada vezmais necessário sa-
ber comoela semovimenta.Assim, não
se trata de contratar pesquisas somente
nas eleições, mas de desenvolver toda
uma estratégia de captação de elemen-
tos da realidade. Da construção de uma
série histórica e da perfeita compreen-
sãodosmovimentos. É importante ter a
história,osdeslocamentosdosprincipais
atores e segmentos da opinião pública.
Quartodesafio:Haver
umaestruturade
comunicaçãocapazde
construiruma imagem
positiva
A estrutura tradicional do marketing
políticonoBrasilconstruídanosanos1980
e 1990 está esgotando sua capacidade de
produzir resultados positivos. É necessá-
rio que os candidatos competitivos cons-
truamoutrasrelaçõescomasociedade,ou-
trospadrõesde relacionamentocomas li-
derançasmaisautênticas, sejamelassoci-
ais, empresariais, políticas, comunitárias,
de trabalhadores ououtras. O importante
éserum líderenraizado.Épreciso tercla-
roqueomarketingpolíticonão substitui-
rá jamaisa relaçãodequalidadedentrodo
sistema político. Essa relação o político
tem que possuir a partir de sua trajetória
pessoal e suaspropostas.
Com as massas trata-se da mesma
coisa. É preciso saber formular um dis-
curso compreensível em sua essência e
não um rol de palavras bonitas e sem
sentido.Assim tem-seuma imagemcon-
sistente. O monitoramento permanente
da imagem feito através de umbom sis-
tema de informações permitirá a corre-
çãode desvios.
Quintodesafio:Ser
verdadeiro,éticoe
comprometido
Finalmente,ébom registrarque
da mesma forma que Collor compreen-
deu a força domarketing espetáculo em
um determinadomomento, aqueles que
estãona arena hoje devem compreender
quais são os desejos colocados. Depois
de tantasevidênciasdecorrupçãono sis-
temapolíticobrasileiro, oseleitoresque-
rem gente limpa. De bons atributos pes-
soais, de bons pro-
gramasdegovernoe
comprometidoscom
a gestão ética das
coisas da política.
Nãobastaserhones-
to na relação com o
dinheiroouosrecur-
sos públicos, é pre-
ciso estender a no-
ção de honestidade
em todosos relacio-
namentos que o po-
der possibilita.
Nas eleições
municipais de 2000
vimos lideranças e
dirigentesdegovernosbemavaliadosdo
ponto de vista da prestação de serviços
seremderrotados.Faltava-lhesoelemen-
toéticonaconduçãodasações.Coisaque
não émais permitida.
O sentido de ser verdadeiro é ainda
mais profundo. Por exemplo, atores po-
líticos como Fernando Gabeira, José
Genoíno,MartaSuplicy,AntonioKandir,
LuizEduardoMagalhãesmostraramaos
eleitoressuasverdades.Defendendopo-
siçõesclarasdiantedos fenômenosdeso-
ciedade. Estão chegando ao fimos tem-
pos em que se tinha um discurso para
cada público. Em que a coisa mais im-
portanteseriaagradar, independentemen-
tedocompromissocomaverdade.Aver-
dade de cada umo remete ao seunicho.
É preciso saber maximizar as oportuni-
dades dos nichos, sem ser falso.
“Assim,nãose
tratadecontratar
pesquisassomente
naseleições,mas
dedesenvolver
todauma
estratégiade
captaçãode
elementosda
realidade.”
3.PalavrasFinais
Resumindo,omarketingpolíticoestá
mudando. O que está sendo construído é
algoque leva em conta o longoprazo, as
açõesplanejadas,ocomprometimentopú-
blico, averdade.Essessãoelementosque
fazemparteda trajetóriadeuma socieda-
dedemocráticamoderna.Comoaqueque-
remos todos construir noBrasil.